Seguradoras devem rever análise de risco e preço para setor de mineração

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Na segunda tragédia envolvendo a Vale em menos de cinco anos e com a maior demanda pelo produto de riscos ambientais, especialistas projetam maior rigidez das seguradoras nos contratos.

As seguradoras devem tornar mais duras na análise de risco para o mercado de mineração frente a situação mais recente do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho (MG). O movimento virá acompanhado de um reajuste para cima nos preços.

A projeção dos especialistas é de maior rigidez das seguradoras nos acordos de contratação. Segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep), os prêmios diretos da cobertura atingiram os R$ 9,852 milhões em dezembro.

O volume é 30,5% maior ante igual mês de 2017 (R$ 7,547 milhões). Em 2018, o montante total de prêmios diretos foi de R$ 81,262 milhões, alta de 20,4% na mesma comparação (R$ 67,487 milhões).

“Apesar de o mercado estar em um momento muito complicado, voltando de uma recessão econômica, a expectativa é de que tanto uma reprecificação como uma reavaliação de risco mais aprofundada, voltada para o mercado de mineração, aconteça no setor”, comenta o diretor da LTSeg Corretora, Caio Timbó.

Dentre os critérios de reformulação de preços e da análise, o “norte” das mudanças viria pelos riscos intangíveis (que não podem ser mensura dos ou previstos) e tangíveis e pela possível revisão nos níveis de indenização aceito pela seguradora em caso de sinistro.

Segundo o sócio da Kuntz Advocacia e Consultoria Jurídica, Marco Antônio Alonso David, são processos “complexos”. “Diferente do seguro de vida, onde é possível fazer uma estimativa da indenização, o custo de recuperação ambiental é difícil. Geralmente são situações de grande monta e árdua reparação”, explica.

Para Timbó, as mudanças no segmento devem vir no médio prazo. “Veremos mais fundos de investimentos e empresas impondo políticas mais restritas de seguros, como a obrigatoriedade na contratação em determinadas situações. Isso movimentará o setor positivamente”, completa.

Reembolsos

Ainda sobre a tragédia de Brumadinho (MG), os especialistas afirmam que mesmo com a validação do laudo sobre a segurança da barragem e a consequente indenização pelas seguradoras, é improvável que o montante ressarcido será suficiente para quitar os prováveis débitos da mineradora.

“Mesmo sem acesso à apólice, a quantia necessária deve ser gigantesca por conta de todos os danos. Mesmo com ressarcimento, dificilmente haverá a recomposição de todas as perdas”, diz Timbó, da LTSeg.

O presidente do Grupo Bradesco Seguros, seguradora responsável pelas apólices de vida em grupo da Vale, Vinicius Albernaz, afirmou na coletiva de resultados do banco que “os efeitos são imateriais do ponto de vista financeiro”.

“A extensão desse tipo de evento tende a ser mitigado pela estrutura do resseguro que existe em ocorrências dessa envergadura. O mais importante é atendimento mais rápido possível dos sinistros para todos os envolvidos”, disse.

Procuradas, as seguradoras Chubb, Tokio Marine, AIG, Argo, AXA, Mapfre, Sompo, Zurich, Travelers, HDI e Sul América não responderam até o fechamento desta edição. A Allianz e a Susep optaram por não comentar o assunto.

Fonte: DCI