Dia do Atuário

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Em homenagem ao dia do Atuário, comemorado no último dia 03 de abril,  o Sindsegrs, dando continuidade as entrevistas publicadas naquela data, traz aqui mais algumas das respostas fornecidas pelos atuários Eder Gerson Aguiar de Oliveira – Sócio Diretor da Atuária Brasil, membro da Academia Nacional de Seguros Privados (ANSP), da Comissão de Ética do Instituto Brasileiro de Atuária e Professor Universitário por muitos anos; e Giancarlo G. Germany – Atuário, Diretor Executivo da Mirador, Acadêmico da ANSP e Vice Presidente do Instituto Brasileiro de Atuária – IBA. Nossas homenagens e agradecimentos a todos os profissionais atuantes nessa tão importante profissão.

1 – O que faz um atuário e como essa profissão contribui para a nossa vida cotidiana?

Giancarlo – Um atuário é um profissional especializado em análise de risco e gestão financeira, especialmente atuando nos segmentos de seguros, previdência e saúde. Sua principal função é avaliar e quantificar riscos, calcular prêmios de seguros, desenvolver planos de saúde e planos de aposentadoria, auxiliar em estratégias de educação financeira, além de atuar ativamente na gestão das empresas, analisando dados e realizando projeções de cenários, auxiliando na tomada de decisões financeiras relevantes para o futuro dos negócios.

2 – Como os atuários ajudam as empresas de seguros a determinar os preços das apólices e a avaliar os riscos associados?

Giancarlo – Os atuários utilizam análise de dados, modelagem estatística e expertise em gestão de risco para determinar preços adequados para as apólices de seguros e avaliar os riscos associados, contribuindo assim para a sustentabilidade financeira das seguradoras e para garantir a proteção adequada dos segurados. Em uma linguagem mais simples, podemos entender que uma Seguradora precisa ter um volume de recursos adequado à quantidade de Sinistros que se espera ocorrer, ou seja, sua operação precisa ser equilibrada para desenvolver bons produtos securitários que protejam os segurados e que mantenha uma posição financeira saudável para a Seguradora. Esse equilíbrio é desenvolvido de forma permanente por cálculos atuariais.

3 – Quais são os principais desafios que os atuários enfrentam em seu trabalho e como eles os superam?

Éder – Considero esta pergunta um tanto quanto difícil, porque eu acho que os desafios dos atuários vêm da própria complexidade que envolve a matéria. Quando você tem o domínio da ciência atuarial, considerando a sua importância vital para as companhias em geral, você precisa passar esse conhecimento de forma didática para os stakeholders, gestores e/ou líderes destas empresas, indicando os seus reflexos junto ao passivo, fortemente vinculado às provisões técnicas, ou ao ativo líquido, para o caso de um passo errado sem prevenção. Eu também entendo que um outro desafio aos atuários, é poderem alcançar a plenitude do detalhamento da aplicação da ciência atuarial, considerando o seu mais alto padrão de abrangência, hoje com muitas frentes, cujo nível de exigência é absurdo. Atualmente, temos ferramentas que auxiliam isso. Nós atuários temos o IBA – Instituto Brasileiro de Atuária, que certifica os profissionais, tem em sua estrutura vários grupos de trabalho (GT) e de estudos disponíveis aos colegas, além de oferecer cursos próprios e indicar oportunidades em outras instituições. Mas eu vejo que o trabalho do atuário, seja ele mais completo ou menos completo, vai ser efetuado dentro daquilo que expliquei no primeiro quesito da entrevista. Por isso que vejo como principal desafio, de fato, nós conseguirmos ser perfeitamente entendidos quando de uma eventual recomendação ou sugestão, visando com que a empresa possa estar em uma linha de adequação, apresentando, digamos assim, o menor risco de insolvência possível. Por outro lado, pensando na prática do dia a dia do atuário, considerando a complexidade que envolve os sistemas de T.I. e as bases de dados que possuem as companhias, é necessária à sua constante atualização para que nós possamos ter um trabalho mais automatizado e assertivo. Talvez esteja aqui um dos principais desafios para as empresas, onde nós atuários prestamos serviços.

4 – Poderia compartilhar algum exemplo de como uma empresa de Atuária é fundamental na identificação e mitigação de riscos financeiros para organizações e indivíduos, especialmente nas áreas de seguros, previdência e investimentos?

Éder – Por meio do cálculo mensal dos indicadores de solvência que mensuram a capacidade econômica que a empresa tem frente aos riscos que assumiu, e outras ferramentas, tipo a elaboração do ALM, já comentado anteriormente, e uma boa avaliação das provisões técnicas com vistas a permitir que as companhias estejam seguras em relação as suas operações e os riscos assumidos.

Penso que os cálculos dos indicadores de solvência e o acompanhamento destes números, por meio de análises em relação ao que vem demonstrando a operação da companhia e como está o volume financeiro de seu patrimônio líquido ajustado, são o grande segredo para que uma empresa se mantenha hígida e fortalecida, oferecendo segurança aos seus segurados, pois antevendo possíveis fragilidades técnicas, econômicas e financeiras, pode-se tomar decisões ágeis de ajuste, o que certamente vai refletir na mitigação dos riscos financeiros e proporcionar uma vida mais longeva para a companhia. Planos deficitários, provisões mal calculadas, ativos que não estão gerando a rentabilidade esperada, despesas mais altas do que o necessário, enfim, são exemplos de sinais que acabam aparecendo nestas análises, e que possuem a necessidade de alguma ação de gestão, onde os atuários têm grande facilidade de enxergar estes possíveis problemas e proporem soluções para mitigação destes riscos, não deixando que se agravem.