O que os carros conectados tem a ver com seguros?

Um caminhão de dinheiro está sendo investido em pesquisa e desenvolvimento quando o assunto está relacionado à carro conectado. Existe uma diferença grande aqui: carro conectado refere-se ao automóvel que você dirige no seu dia a dia e carros autônomos são aqueles que não necessitarão de motorista para conduzi-lo. Nesse artigo irei me referir ao primeiro modelo.

O crescimento da IoT (Internet of Things) acelerou muito esse mercado, criando possibilidades impensadas há 5, 10 anos. Hoje é possível monitorar não somente o comportamento de quem está dirigindo (velocidade média, direção por zonas de risco, curvas muito acentuadas, acelerações e frenagens bruscas, etc.) mas também é possível ser avisado de aspectos relacionados à mecânica do carro, como falhas no sistema de injeção eletrônica, temperatura de operação do motor e níveis de potência da bateria, por exemplo.

Essa gama de monitoramentos gera aproximadamente 25 GIGABYTES de informação por HORA, por veículo, dependendo de como ele é usado. São muitos dados sem utilização!!! Empresas como seguradoras, fabricantes de carros, revendas de carros usados, instituições financeiras e outros tantos poderiam se beneficiar dessas informações para gerar serviços para o motorista.

Alguns carros de luxo já saem com essa configuração da fábrica e possivelmente essa tecnologia demorará para ser incorporada aos carros de menor valor. Mas atualmente é possível adquirir um kit que promova esse tipo de monitoramento e que gere além de alertas no celular do condutor, um horizonte de possibilidades para as seguradoras.

Mas a grande oportunidade que passa debaixo do nariz de seguradoras é a chance de se agregar receita oferecendo (diga-se, cobrando) um serviço que gerará benefícios para ela e para o segurado. A partir das informações colhidas do veículo seria possível adequar o valor que o segurado paga pelo seguro auto, tornando a relação entre ambos mais justa.

Paga mais aquele segurado que expõe o automóvel a um risco maior e que gera mais manutenções mecânicas. Paga menos aquele que tem pouca propensão de gerar um sinistro ou manutenções corretivas que são custos a serem evitados pelas seguradoras.

Esse é um mercado ainda pouco explorado. A aplicação de modelos preditivos aos dados de motorização do veículo poderiam gerar sugestões sobre o momento ideal para se realizar a manutenção preventiva.

O uso dos dados gerados nos segundos anteriores a uma colisão, por exemplo, poderiam ser analisados e compartilhados com montadoras, com engenheiros de segurança, com órgãos governamentais, assim como as seguradoras poderiam usá-los para determinar responsabilidades naquele determinado acidente. No final de tudo, o importante é que vidas poderiam ser salvas.

Essa é a era da comunicação clara e super transparente entre clientes e prestadores de serviços. Não faz mais sentido utilizar-se de modelos de negócios do século passado. Vai ganhar o jogo a empresa, a seguradora que se comunicar melhor e se interessar pelo segurado. Imagine que tipo de comunicação poderia ser estabelecida entre ambos. Chance única de mudar o cenário atual e levar as relações a um outro nível, gerando mais oportunidades para os dois lados. Isso sim é o ganha-ganha.

Formado em Tecnologia da Informação, Pós Graduação em Marketing e MBA pela FIA, Augusto Rafael é profissional de vendas de software e serviços de tecnologia há mais de 20 anos. Já foi pequeno empresário antes de atuar em empresas como Paschoalotto e SAP, onde construiu uma carreira de sucesso. Desde janeiro de 2017 é o responsável pela prática de Insurance na Wipro, multinacional presente no País há mais de 10 anos.

Fonte: Revista Cobertura