Coleções de arte entram no radar de grandes seguradoras

O crescimento do mercado de arte no Brasil ainda atrai poucas seguradoras de grande porte, mas já chamou a atenção da líder mundial em receita, a francesa AXA, que acaba de lançar no país os serviços de sua divisão voltada para obras de arte. Os seguros para grandes colecionadores, museus, galerias e exposições começaram a ser oferecidos neste mês por meio de uma parceria com a brasileira SulAmérica. A partir de 2014, a ideia é vender também um produto voltado para o cliente de pequeno porte que tem obras de arte em casa. O formato será um produto vinculado ao seguro residencial. Com presença nos EUA, Europa, Ásia, Austrália e Oriente Médio, a AXA Art veio ao Brasil de olho em uma comunidade de colecionadores que está em pleno crescimento, segundo Christiane Fisher, presidente da AXA Art Americas Corporation. Ela destaca que as feiras de arte de São Paulo e Rio têm atraído cada vez mais a atenção de colecionadores internacionais, enquanto museus brasileiros têm organizado exposições de grande porte que atraem um volume expressivo em público. “Planejamos introduzir os nossos produtos e serviços em outros países da América do Sul num futuro próximo”, completa. Bilhões de dólares em arte são roubados anualmente de coleções particulares, galerias e museus, segundo Christiane. Há casos que ficaram para a história como o roubo do museu americano Isabella Stewart Gardner Museum, há 23 anos. Ladrões fantasiados de policiais renderam os guardas noturnos e roubaram obras de Rembrandt, Edgar Degas e Johannes Vermeer. “O valor dessas obras está estimado em centenas de milhões de dólares e até hoje elas não foram recuperadas”, diz. O museu, que na época não segurava o acervo, é hoje cliente da AXA Art. No Brasil, em agosto do ano passado, chamou a atenção o incêndio no apartamento do colecionador Jean Boghici, em Copacabana, no Rio, que colocou em risco obras de grandes artistas como Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti. O acervo pessoal, de 136 obras, foi exposto neste ano no Museu de Arte do Rio (MAR). Pelo estudo de mercado da seguradora, existem poucas companhias que operam seguros de arte no Brasil, com uma distribuição pequena e mais focada em museus, galerias e grandes colecionadores. “Queremos ampliar esse modelo. Estamos em uma fase nova, em que a classe média alta já olha obra de arte como um patrimônio interessante”, afirma Carlos Alberto Trindade, vice-presidente da SulAmérica Seguros e Previdência. (Valor Econômico)