Brasil é mercado prioritário para o grupo Mapfre, que prevê crescer acima de 10% em 2023, com resultado consistente

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O que se espera é um ciclo de prosperidade da economia, com crescimento do PIB e redução da taxa de juros, beneficiando desde o segmento de grandes riscos até microsseguros voltados para pessoas de menor renda

O grupo segurador espanhol Mapfre, que completa 90 anos e é o maior da Espanha, elegeu o Brasil como mercado prioritário em 1992, quando se estabeleceu no país.

Fernando Pérez-Serrabona, CEO da Mapfre no Brasil, e Felipe Nascimento, CEO da MAPFRE Seguros, conversaram com jornalistas nesta manhã de segunda-feira, 29, para falar sobre as perspectivas futuras.

“Estamos orgulhosos com os resultados. O lucro líquido da subsidiária brasileira evoluiu de forma significativa, passando de 11,6 milhões de euros para 53,6 milhões de euros no cálculo de janeiro a março deste ano, o que representa uma alta de 362,1%, a maior entre todas as operações da companhia no mundo.

Mesmo diante de tantos desafios que estamos vivenciando, o Brasil sustentou seu grande potencial para o desenvolvimento do mercado de seguros, justamente por ser uma potência econômica”, orgulha-se Pérez-Serrabona.

O Brasil continua posicionado como a segunda região que mais contribui para as receitas globais do grupo, atrás de Espanha e Portugal, que juntos obtiveram um lucro líquido de 67,3 milhões de euros.

Em vendas, a unidade brasileira do grupo avançou 21,5% em prêmios emitidos no primeiro trimestre, para 1,2 bilhão de euros. O resultado foi impulsionado, principalmente, pela evolução positiva dos negócios de seguros Rurais (44,0%) e de Vida (28,5%).

Segundo o “Índice Global de Potencial Segurador” (GIP), desenvolvido pela Mapfre Economics, área do grupo Mapfre dedicada a pesquisas e análises sobre seguros, previdência, macroeconomia e finanças, o Brasil permanece como um dos dez países com maior potencial para crescimento do setor segurador pelo quarto ano consecutivo.

No ranking, que analisou 96 mercados, o País se manteve no 8º lugar no segmento Não Vida e ficou em 9º no segmento Vida.

O grupo hoje atua praticamente em todas os segmentos potenciais de seguros, exceto saúde, cuja decisão estratégica foi entrar em 2012 com um piloto para funcionários e sair em 2019, seguida por outras companhias nos anos seguintes, sendo a mais recente a Allianz. “É um setor com imenso potencial para atender à população, mas é preciso ter um cenário regulatório mais claro”, comentaram os executivos.

Nestes 30 anos de história no Brasil, a seguradora espanhola teve altos, como a parceria com Banco do Brasil, e baixos, por apostar em produtos à frente do tempo do país, que foram prejudicados pelo fraco crescimento econômico e queda na renda do brasileiro, ambos fatores decisivos para se investir em seguros.

Agora, o que se espera, é um ciclo de prosperidade da economia, com crescimento do PIB, beneficiando desde o segmento de grandes riscos até microsseguros voltados para pessoas de menor renda.

“Temos um projeto piloto em uma comunidade que tem sido construído a quatro mãos e estamos a cada dia mais surpresos com os resultados”, antecipa Nascimento, sem dar mais detalhes previstos para serem divulgados em dois meses, quando as primeiras impressões da estratégia neste nicho estarão mais claras.

Segundo ele, o projeto é fruto de uma parceria com uma ONG dedicada a comunidades. “As prioridades do microempreendedor são diferentes. Por exemplo: a geladeira é a principal preocupação de uma pequena empresa alimentícia.

Este cliente não quer um novo eletrodoméstico e sim uma solução rápida para não perder alimentos. Assim como o secador ou chapinha é importante para cabelereiros.

E por que não ir além no social e incluirmos na estratégia o treinamento de técnicos da própria comunidade? ”, comentou, acrescentando que a distribuição será feita por agentes treinados pela seguradora.

A previsão das vendas em 2023 é avançar acima de 10% sobre os 4,8 bilhões de euros em 2022, que já representou avanço de 45%, com foco em Auto e Rural, além dos ramos de Vida e Empresas.

A companhia está entre as maiores do Brasil em agronegócios, com oferta de coberturas para mais de 70 tipos de culturas e para o patrimônio do agricultor, tendo superado recentemente o montante de R$ 1 bilhão em prêmios emitidos no setor. “O Brasil está apenas iniciando em seguro rural e a Mapfre, que começou neste nicho, pode contribuir muito para o desenvolvimento deste produto”, afirma Pérez-Serrabona.

O otimismo dos executivos conta ainda com a melhora da percepção dos corretores e dos consumidores no processo operacional.

O uso de inteligência artificial e ter uma resseguradora no grupo são dois pilares estratégicos para que a seguradora vislumbre novos mercados e também tenha resultados sólidos em segmentos nervosos como o seguro automóvel, seguro rural e vida. “Efetuamos uma série de mudanças com o robusto investimento que o grupo tem aportado em tecnologia e estamos colhendo bons resultados.

Temos diversos exemplos, desde facilidades e benefícios para conquistar o corretor de seguros até triplicar as vendas apenas por alterar a ordem da oferta durante a jornada do cliente”, conta Nascimento.

A carteira de auto, a maior do grupo, arrecadou cerca de R$ 3,3 bilhões em 2022 com avanço de 14% em relação ao mesmo período do ano anterior, com 1,5 milhão de veículos segurados. Nas oficinas, a autorização para conserto do veículo passou de 3 dias para horas. “Registramos elevação do NPS (Net Promoter Score), uma métrica de lealdade do cliente e, consequentemente, as vendas aumentaram.

Diante deste conjunto de ações, somos otimistas e temos visto um bom resultado de crescimento este ano no Brasil, amparado pela conquista de novos clientes e pelo reforço nos canais de distribuição, com atenção especial para o relacionamento com o corretor”, disse. A meta, segundo ele, é dobrar a base de corretores para 17 mil em três anos.

Em relação ao impacto na carteira automóvel com uma possível queda do preço do seguro de carro, diante da tendência de baixa dos preços dos usados até três anos com a nova política do governo com estímulos aos veículos populares, ambos executivos acreditam que é preciso aguardar. “Temos de ter mais clareza sobre este assunto, mas certamente a medida poderá contribuir para reduzir o preço do carro usado e, com isso, o valor do seguro”, disse Nascimento.

O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, anunciou na quinta-feira (25) que carros de até R$ 120 mil comercializados no Brasil terão descontos em impostos. Para entrar em vigor, contudo, a medida depende de definições do Ministério da Fazenda sobre o aspecto fiscal.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse em entrevista a jornalistas nesta segunda-feira que apresentará “cenários” sobre impactos econômicos do incentivo a carros populares ao presidente Lula.

O presidente da associação de montadoras Anfavea, Márcio Lima Leite, disse na quinta-feira (25) que é possível que os preços dos veículos novos caiam para menos de R$ 60 mil com as medidas anunciadas pelo governo federal.

“Temos várias novidades para 2023, como lançamentos de produtos mais acessíveis e benefícios que vão ajudar o corretor a conquistar mais clientes. Temos uma resseguradora no grupo que nos facilita o acesso ao capital neste segmento que está num momento complexo.

Estamos muito ligados a insurtechs em nosso centro de inovação, que trazem soluções para o dia a dia. Isso tudo nos traz otimismos e por isso estamos certos de que teremos novamente um ano muito bom”, finalizam os executivos do grupo Mapfre aos jornalistas.

Fonte: Sonho Seguro