Transplantes: profissionais relatam o lado humano do trabalho com doações

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Liliana: “A gente não estuda para que o paciente morra”
Em oito anos, desde que começou a atuar com a doação de órgãos, Liliana Pellegrin, médica intensivista no Hospital de Sapucaia do Sul, não esquece a história de um doador. Aos 22 anos, vítima de um AVC, ele sofreu morte cerebral após ser encontrado desacordado. A médica então conversou com a mãe sobre a possibilidade de doar os órgãos do filho.

“Depois que eu expliquei quais órgãos poderiam ser doados, ela me perguntou: ‘Mas se todos esses órgãos servem para outras pessoas, por que não servem para ele?’”, conta a médica. Dadas as explicações, a mãe entendeu e acabou decidindo pela doação.

Não só para médicos como para enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais que participam do apoio aos transplantes, não é uma história inédita. O lado humano do trabalho acompanha os profissionais que lidam com as famílias em um momento delicado.

“A morte, para nós da área de saúde, é muito difícil. A gente não estuda para que o paciente morra”, disse Liliana. “Mas a doação é um capítulo à parte. Você está perdendo um paciente, mas dando vida a outro ou a outros”.

Simone: “Nosso objetivo desde a chegada é o acolhimento das famílias”
Durante as atividades do Curso de Formação de Coordenadores Intra Hospitalares de Transplantes, organizado pela Central de Transplantes do Rio Grande do Sul, nos dias 25 e 26 de novembro, o compartilhamento de experiências dava o tom nas conversas entre os profissionais.

“Conversar sobre doação ocorre sempre em um momento delicado para as famílias. Tem situações em que a gente nem consegue conversar”, explicou a enfermeira Simone Lysakowski, da Organização de Procura de Órgãos da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Assim como Liliana Pellegrin, ela começou em 2013 a atuar na captação de órgãos e tecidos. Desde então, vivencia as emoções ligadas ao trabalho.

“Nosso principal objetivo, desde a chegada, é o acolhimento das famílias. Quando ocorre a doação, a gente fica feliz, claro”, explicou. “Mas também não tem como deixar de vivenciar aquela perda”.

A “novata” Natália aproveitou o curso para se capacitar: maior apoio às famílias
“Novata” entre as profissionais, a também enfermeira Natália Azevedo, do Hospital Municipal de Novo Hamburgo, disse aproveitar a oportunidade do curso para se capacitar. “A gente vê muitas pessoas para quem o assunto doação é muito delicado. Mesmo assim é muito importante e maior capacitação vai oferecer maior apoio às famílias”.
Fonte: Secretaria da SaúdeRS – Fotos: Liliana, Simone e Natália