Incêndio destrói negócio no mercado do Kicolo

Os bombeiros estão a trabalhar para determinar as causas do incêndio deflagrado no Kikolo.

Um grupo de vendedoras, desesperadas na sequência da destruição, num incêndio ocorrido sábado, de produtos que vendiam no Mercado do Kicolo, município de Cacuaco, província de Luanda, estão agora a fazer contas à vida para voltarem a ter a fonte de sustento das suas famílias.

Imagens de mulheres em pranto captadas e divulgadas domingo à noite pela Televisão Pública de Angola (TPA) evidenciam o resultado das enormes perdas causadas pelo incêndio que destruiu três dos contentores onde são armazenados produtos para venda no Mercado do Kikolo, um dos mais concorridos mercados informais da província de Luanda.

As vítimas do incêndio, algumas das quais com perda de produtos avaliados em mais de três milhões de kwanzas, pedem ajuda ao Governo Provincial de Luanda para retomarem, num curto espaço de tempo, o negócio que perderam nas chamas.

O responsável pelo Mercado do Kikolo disse à Televisão Pública de Angola que, na origem do incêndio, pode estar um curto-circuito, mas adiantou que o Serviço de Proteção Civil e Bombeiros está a trabalhar para determinar se o incêndio tem ou não origem criminosa.

Depois do incêndio foi possível recuperar alguma mercadoria, em quantidade irrisória, que estava para ser entregue ontem, segunda-feira, pela administração do Mercado do Kikolo às proprietárias, algo que vai certamente acontecer num ambiente carregado de muita emoção.

Os produtos destruídos pelo fogo são diversos, desde cabelo humano, roupa, utensílios domésticos a produtos de beleza, comercializados por senhoras empreendedoras, algumas das quais recebem produtos à consignação das mãos de importadores de mercadorias.

Alexandre da Costa, funcionário de uma empresa de seguros, disse, ontem, ao Jornal de Angola que o incêndio ocorrido no Mercado do Kikolo pode trazer à reflexão a necessidade de as seguradoras incutirem na mente dos vendedores de mercados informais a importância do seguro de mercadorias, no âmbito de uma campanha nacional de sensibilização.

Nicho de mercado

“É mais um nicho de mercado que deve ser considerado pelas empresas seguradoras em Angola”, disse o especialista em seguro, manifestando a sua convicção de que, se os vendedores estiverem bem informados, as seguradoras podem atrair para a sua carteira de clientes muitos vendedores, principalmente os que vendem a grosso, em mercados informais.

O comando provincial de Luanda do Serviço de Proteção Civil e Bombeiros tem reforçado regularmente o seu apelo para a necessidade de a população ter a cultura de prevenção contra incêndios, em decorrência do número elevado de incêndios que ocorrem na capital angolana, principalmente nos bairros periféricos.

Economia informal

A maioria da população em Angola encontra-se na economia informal, uma realidade resultante de vários fatores, como a reduzida oferta de emprego no mercado formal e a fraca instrução escolar de um considerável número de cidadãos, a maioria dos quais do sexo feminino, o que compromete a entrada no mercado de trabalho.

A guerra, terminada há apenas 15 anos, é o grande “vilão” quando se quer falar das causas que colocaram milhares de pessoas no mercado informal, do qual sobressai a venda ambulante feita por jovens e adultos de ambos os sexos, a maioria dos quais provenientes de várias províncias do país, que calcorreiam ruas da cidade de Luanda em busca, com dignidade, do pão de cada dia para alimentarem as suas famílias.

A província de Luanda tem uma população com cerca de sete milhões de habitantes, de acordo com o resultado do Censo Geral da População e Habitação, realizado em 2014.

Muitos cidadãos que se encontram na economia informal trabalham em mercados criados em todos os municípios da província de Luanda, onde é desenvolvido, há já alguns anos, um plano para a retirada de vendedores das ruas, para serem transferidos para novos mercados, alguns localizados nas novas urbanizações da capital angolana.

Fonte: Jornal de Angola