Saham aposta na retenção de riscos e aumento do capital

Companhia de seguros tem procurado sinergias no mercado interno, através da partilha de alguns riscos.

O aumento de capital e a retenção de riscos, com o regime de cosseguro, são duas das ‘saídas’ que a Saham Angola Seguros encontrou para enfrentar o mau momento da economia, que tem tornado difícil a transferência de divisas para o resseguro no exterior, revela ao Mercado o diretor técnico e de resseguro da empresa.

Segundo Henriques Raimundo, a companhia está a “caminhar para uma era de maior retenção dos riscos que assume”, tirando partido do seu “histórico de know-how sobre o segmento de negócio que desenvolve, fundamentalmente, na área do corporate”.

A empresa, adianta Henriques Raimundo, tem procurado sinergias, com vista ao aumento significativo do seu capital social, e promovido acordos de partilha de risco com seguradoras nacionais que possam trazer mais-valia e segurança às operações consideradas estratégicas.

O resseguro é mais aplicado no segmento de empresas, devido ao volume de riscos assumidos por conta dos grandes grupos empresariais, assim como das médias e grandes empresas.

“A retenção tem que ver com a percepção de riscos, pois temos um historial de subscrição que nos dá outra visão sobre o mercado e varia em função de cada linha de negócio”, afirma, lembrando que as seguradoras têm acordos de resseguros amplos, em que há um capital direto disponível sem pedir auxílio.

Atualmente, afirma, a companhia possui cerca de 30 linhas de negócios e cada uma dispõe de determinado valor para a cobertura interna, sendo que a tendência é esgotá-lo aquando da contratação de seguro.

A retenção, acrescenta, é feita, sobretudo, para riscos estratégicos com interesse mútuo, aplicando-se, fundamentalmente, em seguros patrimoniais e multirrisco, riscos industriais, além de algumas obras e projetos de construção civil e engenharia.

Nos seguros de engenharia, por exemplo, explica o responsável, a Saham Angola Seguros possui um capital de 28 milhões USD para a cobertura interna, ou seja, a seguradora vai retendo, no País, os riscos deste segmento de seguro até esgotar o valor do capital, sem recorrer ao resseguro, compensado pela partilha interna do risco.

Henriques Raimundo adianta que, caso a companhia tenha um negócio no valor de 40 milhões USD, pode aplicar uma parte (28 milhões, por exemplo) e recorrer aos seus parceiros, a fim da dispersão do risco.

“Isso é feito há já algum tempo e não é apenas a Saham Angola Seguros a fazê-lo. Acontece que a atual situação econômico-financeira fez crescer o negócio internamente, com a aposta na retenção ao invés do resseguro”, explica.

O diretor assinala que a companhia tem observado cautelas neste processo, devido aos riscos que podem advir do negócio. “Há regras e critérios de subscrição e temos de obedecer-lhes, daí que nem todos os riscos sejam subscritos, mormente aqueles que não fazem parte da nossa estratégia comercial”, destaca.

Mais prudência na subscrição – Para Henriques Raimundo, o momento atual, marcado por obstáculos nos pagamentos no exterior, entre outros aspectos, não deve fazer que as seguradoras locais “se exponham para além das suas capacidades”, havendo alguma prudência na subscrição, sem desobedecer às regras impostas pelo grupo internacional da qual a empresa faz parte.

“Mesmo quando utilizamos os mecanismos de transferência internacional, através do resseguro, não devemos esquecer que o cliente não irá bater à porta da resseguradora.

Isto significa que a companhia tem de ter disponibilidade financeira quando o tomador de seguros fizer a reclamação para a regularização do sinistro”, afirma o diretor.

Refira-se que o canal de negócio corporativo, da qual é líder do mercado, é a principal fonte de receitas da companhia, que engloba as grandes, médias e pequenas empresas, que atuam nos diferentes ramos da indústria, comércio, exploração e petrolíferas. Tem ainda ente os seus parceiros corretores e mediadores de seguros.

Fonte: mercado.co.ao