Fides Rio 2023: “Riscos cibernéticos são a nova praga do mundo”

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Para contribuir com o alto nível dos debates na Fides Rio 2023, a Escola de Negócios e Seguros (ENS) convidou o presidente da BOXX Insurance USA, Hilario Itriago, para participar do painel “Segurança Cibernética e mitigação de riscos no mercado de seguros”, realizado no último dia da conferência.

A conversa reuniu ainda o presidente do Conselho da Junto Seguros, Leonardo Deeke Boguszewsk; o diretor Senior da Fitch Ratings, Gerry Glombicki; o professor de Direito da University of California, Shauhin Talesh; e o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ricardo Villas Bôas Cueva, que também é coordenador acadêmico de cursos de pós-graduação da ENS. A mediação do painel coube à diretora de Redação no Grupo Bandeirantes de Comunicação, Andressa Guarana.

Hilario Itriago reforçou que os ataques cibernéticos acontecem a todo segundo, em todo o mundo, e que é preciso ter uma estrutura adequada para lidar com essas ocorrências. “É necessário criar uma estrutura de proteção cyber na qual as seguradoras, corretores e o gestor de risco conversem de forma bem específica”.

Cobertura contra cyberbullying 

O executivo explicou que, com o avanço da revolução tecnológica, as ameaças podem se propagar por qualquer dispositivo, inclusive os mais comuns, do cotidiano da maioria das pessoas, atingindo a ricos, pobres, grandes e pequenas empresas. “Isso exige que todos estejam preparados da mesma maneira para dar uma resposta e ter proteção cibernética”.

Itriago também contou que a empresa que preside já oferece seguros contra cyberbulliyng, para indivíduos e famílias norte-americanas e canadenses. “Os riscos cibernéticos são a nova praga do mundo, precisam ser levados a sério do ponto de vista dos seguros, pois têm a ver com sustentabilidade e desenvolvimento econômico.

Assim como aconteceu na área da Saúde, na qual cada indivíduo tem proteção individual, chegará o momento em que todos precisarão ter alguma proteção na área de Segurança Cibernética”, alertou.

Formação e treinamento 

Na opinião de Gerry Glombicki, muitas pessoas não entendem o risco cibernético e, por isso, o subestimam. Segundo ele, a maioria entende esse assunto pelos filmes de Hollywood, mas a realidade é muito diferente. “Qualquer coisa conectada à internet pode ser hackeada”.

Glombicki foi enfático ao analisar o atual cenário de riscos cibernéticos. “É certo que haverá um ataque devastador, só não sabemos quando e onde. Mas a boa notícia é que podemos evitá-lo com dois fatores: sorte e trabalhando juntos. Investir na formação e no treinamento dos colaboradores da empresa é a melhor coisa a se fazer”, recomendou.

Empresas mais expostas 

Leonardo Boguszewsk falou sobre a necessidade de repensar o modelo de negócios da empresa, a partir do momento em que as operações de venda e atendimento aos clientes se tornaram prioritariamente digitais. O fato levou a companhia a ficar mais exposta aos riscos cibernéticos.

Para Boguszewsk, não deve haver segregação de conhecimento entre as áreas de negócios e de tecnologia. À medida em que os colaboradores estão mais bem preparados, melhores serão as práticas diárias no combate aos ataques de hackers.

“Os carros têm freios não para poderem parar, mas para poderem acelerar. Gosto de usar essa analogia no caso empresarial. Os freios são importantes para as companhias crescerem. Em muitos casos, os ataques são possibilitados por erro humano. É preciso se preparar para minimizar as chances de eles acontecerem”, afirmou.

União entre poder público e iniciativa privada 

O ministro do STJ atentou para a diferença entre proteção de dados pessoais e proteção da segurança da informação. “Antigamente, pensavam que se tratava da mesma coisa.

Mas sem a segunda é impossível ter a primeira”, afirmou Cueva, acrescentando que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) trouxe medidas para estimular o cuidado nas empresas com as boas práticas de segurança da informação.

Já o acadêmico Shauhin Talesh abordou a pesquisa sobre riscos cibernéticos que elaborou no mercado de seguros nos EUA, que identificou que as empresas não estão dedicando tempo e dinheiro necessários para fazer uma mudança comportamental para evitar ataques. Ele lembrou que ainda há muita insegurança na área de seguros cibernéticos nas empresas, uma vez que os ataques evoluem e se modificam de forma constante. “É preciso pensar que governos não são oponentes do setor privado nessa busca pelo controle de risco. É um trabalho coletivo”.

Fonte: ENS