Sindicato de Mariana quer participação em seguro bilionário da Samarco

Há estimativa de que a mineradora tenha direito a receber a US$ 3 US$ 5 bilhões.

O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Extração do Ferro e Metais Básicos (Metabase) de Mariana, que atende os funcionários da Samarco, responsável pela barragem de Fundão, rompida em novembro de 2015 em Mariana, está brigando na Justiça para saber o valor de um seguro, supostamente bilionário, sobre o qual a mineradora tem direito.

A ideia é de que, em posse dessas informações, o sindicato consiga cobrar da empresa os reajustes salariais dos funcionários, não realizados desde 2014.

A reportagem teve acesso a um documento que aponta que a mineradora realizou contrato com quatro seguradoras, todas em São Paulo, e apresentou o aviso do sinistro (rompimento da barragem), no dia 9 de novembro, quatro dias após a tragédia em Mariana. O documento indica que trata-se de um seguro de “risco operacional”, que tem como objetivo “garantir consequências financeiras de riscos operacionais” envolvendo as minas de Alegria e Germano. O contrato teve vigência de um ano, a contar a partir do dia 31 de março de 2015. O documento chegou ao sindicato há cerca de 30 dias.

Entretanto, o valor do seguro não é revelado nas páginas do contrato. Para ter acesso a ele, o sindicato entrou com pedido de abertura de segredo na comarca de Ouro Preto do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

A juíza que atendeu o caso, afirma o sindicato, chegou a dar parecer favorável à organização, mas a mineradora entrou em recurso para que essa informação não fosse divulgada. Está prevista, para a semana que vem, sessão na qual a juíza definirá se a Samarco deverá ou não divulgar valor do seguro.

Advogado do sindicato, Pedro Henrique Chaves Fernandes informou que a estimativa é que o seguro tenha um “valor significativo. ” “Apesar de não sabermos o valor exato do seguro, descobri de uma fonte que ele possa estar na casa dos US$ 3 a US$ 5 bilhões.

O valor da negociação foi definido em uma reunião em Miami”, afirma Pedro, que levanta uma hipótese: “Se a Samarco está escondendo o valor, é porque algo de errado pode ter nisso”, comenta.

A reportagem entrou em contato com a mineradora perguntando qual é o valor do seguro, se ele já foi recebido e se a empresa pretende repassar parte dele aos trabalhadores. A Samarco, entretanto, limitou-se a informar que “não vai comentar” o caso.

Trabalhadores sem reajuste

Diretor da Metabase, Sérgio Alvarenga disse que os trabalhadores da Samarco de Mariana não são reconhecidos como vítimas. Por isso, têm sido menos assistidos pela mineradora.

“Os funcionários que continuam a trabalhar lá, com a conservação e manutenção para a volta da mineradora, não recebem reajustes salariais há quatro anos. Estamos fazendo abaixo-assinado para que eles sejam reconhecidos como vítimas”, comenta.

Alvarenga afirma que as perdas salariais chegam aos 29%, considerando o não reajuste. “São 1.800 funcionários sem receber, isso causa um efeito cascata que se reflete na economia de Mariana, que hoje tem mais de 15 mil desempregados”, analisa.

Fonte: iG Minas Gerais | Laura Maria