Diza Gonzaga: “Não está só na mão do governo mudar a realidade do trânsito”

“Não podemos tolerar 40 mil mortes no trânsito a cada ano e milhares de feridos e sequelados, como se fossem apenas fantasmagóricas estatísticas”

Espaço democrático por excelência, o trânsito é o lugar onde deixamos nossa marca, não somente como motoristas, pedestres, ciclistas, motociclistas, mas também com nossos valores, desejos, preconceitos, afetos e desafetos.

A dona de casa, o empresário, o professor, a médica, o estudante, todos nos encontramos neste espaço, onde quase sempre estamos de passagem.

Como não vamos estabelecer uma relação duradoura com todos aqueles que cruzam nosso caminho, é comum que essa relação fugaz não seja exatamente calorosa.

É claro que a cidade também fala. E ela está afirmando, através de avenidas largas onde se espremem ciclovias, calçadas por vezes estreitas e não raras vezes malconservadas, que a rua é dos carros. Pedestres, ciclistas, skatistas, cadeirantes são elementos intrusos. Essa paisagem é mais uma na grande lista de urgências que precisamos enfrentar.

Mas a agressividade, os acidentes que presenciamos quase que todos os dias e que deterioram nossa qualidade de vida não podem mais esperar. Não podemos tolerar 40 mil mortes no trânsito a cada ano e milhares de feridos e sequelados, como se fossem apenas fantasmagóricas estatísticas.

Se o trânsito reflete nosso grau de civilidade como povo, não está só na mão de um governo ou de um órgão mudar essa realidade. Está em todos nós. E não é porque o outro poderia ser seu irmão, sua mãe ou seu amigo. É porque, de fato, o outro é uma mãe ou uma filha, um pai ou um amigo de alguém.

Reconhecer a humanidade no outro é um sentimento que tem nome: empatia. A palavra, que às vezes é confundida com simpatia, não deixa de trazer uma relação.

Ter empatia por alguém significa colocar-se no lugar do outro, prezar a vida do outro como a nossa.

Por isso, nesta Semana Nacional do Trânsito, estamos lançando não uma campanha, mas um movimento. Esse movimento vai nos guiar nos próximos anos, mas precisamos de você para conseguirmos mudar esta difícil realidade.

Queremos que esse movimento se espalhe pelo Rio Grande e atinja o coração de todos os gaúchos. Que sejamos guiados pela empatia – no trânsito e na vida.

Vamos, juntos, construir um trânsito mais fraterno e seguro!

Fonte: Camila Domingues / Agencia RBS – Por Diza Gonzaga, diretora institucional do Detran-RS