Fundo de recebíveis busca seguro para atrair investidor

Esse é um nicho ainda pouco explorado pelas seguradoras, com potencial para crescer
Fundo de recebíveis busca seguro para atrair investidor.

O Valor Econômico informa que os fundos de investimentos em direitos creditórios (FIDC) têm recorrido cada vez mais ao seguro de crédito. A ideia é usar a proteção contra o risco de calote como diferencial para atrair o investidor.

Esse é um nicho ainda pouco explorado pelas seguradoras — não há dados sobre a contratação de seguro de crédito por fundos —, mas que tem potencial para crescer com o avanço do próprio mercado de FIDC.

Com patrimônio na casa dos R$ 120 bilhões, segundo dados da consultoria Uqbar, os fundos de recebíveis voltaram a atrair investidores depois do período mais agudo da crise brasileira, nos anos de 2015 e 2016. Neste ano até junho, o segmento captou R$ 16 bilhões, acima dos R$ 12 bilhões de entradas em todo o ano passado.

“Como os investidores estão procurando renda fixa com rendimentos mais altos, mas ainda não estão preparados para entender os riscos dos ativos estruturados, faz muito sentido que o primeiro passo no desenvolvimento deste mercado seja mitigar os riscos via seguro de crédito”, diz Margot Greenman, sócia da gestora Captalys, que atua na estruturação de fundos de recebíveis e reúne R$ 2,5 bilhões em ativos sob gestão.

Na seguradora francesa Coface, as solicitações cresceram 15% no primeiro semestre, em relação ao mesmo período do ano passado, para uma exposição estimada em R$ 500 milhões. “Esses contratos ainda não têm representatividade grande nos nossos prêmios, mas há um potencial de crescimento para mitigação de risco dos fundos”, diz Marcele Lemos, presidente da Coface.

A seguradora Euler Hermes, especialista em seguro de crédito do grupo alemão Allianz, fechou sua primeira apólice para FIDC em 2016. Ao todo, o volume financeiro dos fundos protegidos pela empresa chega a cerca de R$ 5 bilhões, mas, como a carteira gira conforme os créditos vão sendo pagos e novos são incluídos, o total chega a alcançar R$ 20 bilhões em um ano.

“Percebemos que poderíamos oferecer ao fundo a mesma cobertura que dávamos diretamente às empresas do nosso portfólio”, diz Luciano Mendonça, diretor comercial da Euler Hermes. “O seguro cobre um risco que o FIDC não é capaz de mitigar, como a insolvência de uma empresa. ”

Na prática, as seguradoras acabam fazendo uma segunda análise para a inclusão dos créditos no fundo, que pode durar até 48 horas, o que melhora a qualidade dos ativos.

Até agora, de acordo com as seguradoras, os sinistros da categoria estão abaixo de 10% dos prêmios emitidos — no ano passado, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), a sinistralidade do seguro de crédito em geral ficou em 20%.

Os episódios em que o seguro foi acionado nos FIDCs, segundo os executivos, foram referentes aos grandes casos de recuperação judicial do país, uma dívida lenta e custosa de ser recuperada, conforme a legislação vigente.

FONTE: Valor Econômico via SindSeg SP