Senadores querem interferência de Bolsonaro em ajuda para famílias das vítimas de acidente da Chapecoense

A Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado vai procurar ajuda do presidente Jair Bolsonaro para intermediar contatos com autoridades ligadas à aviação civil da Colômbia e da Bolívia.

O objetivo é contribuir para o esclarecimento das causas e responsabilizações do acidente ocorrido com o voo da Chapecoense em novembro de 2016. Além disso, fazer com que a Seguradora Bisa, a corretora de seguros AON e os governos da Bolívia e da Colômbia assumam responsabilidade pelo ocorrido.

Durante pouco mais de duas horas, a audiência pública discutiu, principalmente, o pagamento da apólice de seguros aos sobreviventes e familiares das vítimas. Passados quase três anos, o valor referente ao seguro da aeronave ainda não foi pago.

Um acordo entre a empresa área Lamia e a Aon vinha desde 2011, em que o valor da apólice despencou a partir de 2015, justamente devido à avaliação de risco efetuada pela seguradora britânica. A apólice caiu de US$ 300 milhões para US$ 25 milhões, o mínimo exigido pela legislação boliviana.

Para representantes das famílias das vítimas, a Aon foi negligente, porque a nova apólice cobria apenas a atuação da Lamia em território boliviano, e foi informada com antecedência que a empresa tinha passado a atuar no transporte de equipes de futebol por toda a América do Sul.

— Havia uma cláusula de exclusão. A seguradora não reconheceria o sinistro se sobrevoasse a Colômbia. O destino era a Colômbia. O avião não poderia ter saído do solo, porque a Bolívia não poderia ter aceitado o plano de voo. Da mesma forma com a Colômbia, que não poderia ter aceitado.

E estão fazendo vistas grossas. Estamos correndo contra o tempo, porque sobrescreve em novembro – cobra Mara Paiva, da Associação das Famílias de Vítimas do voo da Chapecoense e viúva de Mario Sergio Pontes de Paiva, ex-jogador e comentarista dos canais Fox Sports que foi uma das vítimas.

Emoção de Neto e Romário indignado

A audiência foi marcada pela emoção do zagueiro Neto. Ele chorou ao comentar sobre a demora na responsabilização do acidente.

— Peço que façam de tudo, para que esse caso seja solucionado para confortar tantas famílias. A impunidade doí mais que qualquer tragédia. Eu só quero que a verdade seja esclarecida – disse Neto.

O senador Romário (Podemos-RJ) foi duro nas críticas contra o advogado inglês Alex Stovold, do escritório Clyde & Co, que representa as seguradoras.

— É um cara de pau, um dissimulado. É 171, acho que ele nem sabe o que é – disse o parlamentar, ressaltando que da audiência não sairia nenhuma resolução. Stovold (usando tradutor simultâneo) mostrava constrangimento.

Acuado, o advogado apenas se resumiu a responder que não podia se estender muito na discussão e podia mostrar que não estava mentindo.

— Tive encontros com advogados. 23 das famílias já aceitaram essa soma. Ninguém forçou eles a aceitarem – respondeu Stovold.

Em 2017, um acordo foi proposto pela seguradora Bisa para o pagamento de indenização individual de US$ 200 mil. A empresa exigiu a assinatura de um termo de quitação de dívida por parte de todos os familiares.

Um ano depois, aumentou para US$ 225 mil (cerca de R$ 900 mil na atual), sem a necessidade de quórum para efetivar a doação. Das 77 famílias, 23 aceitaram, segundo a própria seguradora.

Fonte: NSC Total (liberação de imprensa) (Blogue)