Porto Seguro anuncia resultados em meio a transição no conselho

A seguradora Porto Seguro divulga nesta sexta-feira o último de seus balanços trimestrais que terá Jayme Garfinkel à frente do conselho de administração.

No cargo desde 1978, o executivo é filho de Abrahão Garfinkel, fundador da Porto Seguro, e considerado personagem importante para a companhia nas últimas décadas.

O executivo deixa o cargo após uma transição de dois anos, enquanto seu filho Bruno assume a presidência no dia 31 deste mês — a filha Ana Luiza também passará a fazer parte do conselho.

A transição acontece em um momento em que a Porto Seguro deve apresentar aumento das despesas gerais e administrativas e da sinistralidade, principal índice para as seguradoras e que mede a relação entre as despesas para operar um serviço e o faturamento obtido com ele.

De acordo com projeção do Bradesco BBI, a expectativa é de que o índice combinado, que mede esses dois aspectos, tenha um avanço de 3,7 pontos percentuais para 95,7% no primeiro trimestre do ano (quanto mais próximo a 100%, pior).

Já o lucro deve permanecer quase no mesmo patamar do mesmo período do ano passado, com uma leve alta de 2,8% para 286 milhões de reais – estimativas mais pessimistas, como a do BTG Pactual, estima que a seguradora vai lucrar 241 milhões de reais.

O faturamento (de prêmios retidos), por sua vez, deve crescer 3,2% para 3,79 bilhões de reais, segundo o BBI, “ajudado por taxas mais baixas, resultados financeiros mais robustos e descontinuidade de um serviço móvel no quarto trimestre”, segundo relatório escrito por Rafael Frade, analista do Bradesco BBI.

Uma das maiores seguradoras do Brasil e na casa dos 14,5 bilhões de reais em valor de mercado, a Porto Seguro tem mais de 29.000 corretores espalhados pelo Brasil e mais de 50 produtos para públicos distintos, com seguros de automóveis, patrimônio e finanças.

Fundada em 1945 e com sede em São Paulo, a Porto Seguro terá, assim como outras empresas tradicionais do setor, o desafio de concorrer com o crescente número de concorrentes, incluindo seguradoras estrangeiras, além das inovações no mercado – como o surgimento das insurtechs, startups de seguro que podem trazer novidades a preços mais em conta.

As insurtechs ainda representam menos de 1% do setor no Brasil, enquanto lá fora, essa fatia já representa quase 10% do faturamento. Uma reportagem de EXAME publicada em 2016 mostra que as seguradoras tradicionais não são as primeiras a investir em novidades, mas que a movimentação no mercado pode ser uma oportunidade para o setor se modernizar.

Outro desafio para as seguradoras, em um setor que movimenta mais de 140 bilhões de reais por ano, é a própria retomada da economia e do mercado de seguros, que sofre durante crises mas vem voltando a se aquecer após a recessão brasileira.

Para a Porto Seguro, a tarefa será alinhar tradição e a marca conhecida com as novidades e percalços do setor. Um bom desafio para os herdeiros da seguradora paulistana.

Fonte: EXAME.com