Banco Inter está de olho no mercado segurador

Depois de fechar uma importante parceria no mercado segurador com a Liberty Seguros, há cerca de um ano, e com a Icatu Seguros em dezembro passado, o banco Inter pesquisa o setor para descobrir novos nichos para rentabilizar a operação da fintech, que não cobra por diversos serviços bancários, como tarifas de conta, de cartão de crédito, boletos ou TEDs.

“Queremos aprender mais sobre esse mercado. Nossa estratégia é atender o cliente em todas as suas necessidade e seguro é um ponto relevante para eles, que buscam proteger o patrimônio, e para nós, pois monetiza nossa operação”, disse Marco Túlio Guimarães, diretor vice-presidente do Banco Inter, durante almoço com o blog Sonho Seguro.

O número de correntistas no banco digital superou 1,45 milhão em 2018, com 7,7 mil novas contas abertas por dia em dezembro, informou. Foram 847 mil monthly active users (MAU) (usuários ativos) em 2018, em dezembro, foram realizados mais de 339 mil downloads e 16,5 milhões de acessos no app, crescimento anual de 299% e 265%, respectivamente, segundo o executivo.

Trazer novos produtos tem sido a dinâmica do grupo. No início deste mês, por exemplo, o banco fez sua primeira emissão de Letra Imobiliária Garantida (LIG), levantando R$ 12 milhões como funding para crédito imobiliário e assim reforçar sua posição nesse nicho, que ainda tem uma participação pequena no PIB do Brasil.

“Apostamos na retomada do crédito imobiliário e acreditamos que será necessário mais funding no futuro diante da demanda que já mostra sinais de melhora. Se os juros continuarem baixos, os prazos vão alongar e isso ajuda a aumentar a demanda”, disse Guimarães.

Consórcios também está no radar do grupo. O consórcio imobiliário, com cartas de crédito de R$ 120 mil a R$ 240 mil e prazos de até 240 meses para pagar, foi lançado em novembro.

Em dezembro, entrou no ar uma nova plataforma de investimentos, com Home Broker 100% gratuito. “Estamos impressionados com o desempenho deste produto”, disse, sem citar números, que poderão ser checados no balanço financeiro do grupo previsto para ser divulgado nesta última semana de janeiro. Num release com a prévia do balanço, o grupo informou ter ultrapassamos a marca de 115 mil investidores, crescimento de 238%.

No mundo de seguros, o grupo tem a corretora InterSeguros, que concentra todas as ações do banco digital. A parceria com a Liberty prevê 10 anos de exclusividade em alguns nichos, como auto, residência, proteção financeira de cartões, seguro viagem e equipamentos eletrônicos.

Está em teste um seguro de celular e em automóvel outras seguradoras só podem atuar em modalidades ou regiões que a Liberty não atue. Já com a Icatu o acordo prevê parceria em previdência, com um ícone da seguradora que será disponibilizado no app do banco ainda neste mês.

A regra é ser 100% digital e não pode ter “fricção”. Ou seja, o banco não quer atuar em nichos que não atendam bem os clientes. “A ideia é agregar valor ao nosso cliente”, reforçou. “Nosso objetivo é oferecer taxas cada vez mais competitivas em todos os nossos produtos”, afirmou.

Praticamente uma das poucas notícias ruins do banco em 2018 foi um ataque cibernético. E a boa foi ter sido bem atendido pela seguradora de riscos financeiros.

“Acredita-se que pessoa autorizada a atuar em nossos sistemas tenha quebrado o seu dever de sigilo, sua ética profissional e as regras do nosso código de conduta e, após tentativa frustrada de nos extorquir, divulgou, sem autorização, algumas informações relativas a pequena parcela de nossos clientes à época”, assumiu o banco em maio último.

O banco busca cobrir parte das perdas com vazamento de dados com a apólice de Directors & Officers (D&O), na falta de uma apólice específica de seguro cibernético. Sem dar detalhes, o executivo apenas disse que o ocorrido despertou o grupo para o tema.

Em dezembro passado, a Justiça homologou um acordo entre o banco digital e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios sobre o vazamento de dados de clientes do banco.

Em julho, o MPDFT havia pedido a condenação do banco ao pagamento de R$ 10 milhões indenizatórios, mas o acordo foi fechado em R$ 1,5 milhão para reparar os danos morais coletivos de caráter nacional decorrentes do vazamento de dados, sendo R$ 1 milhão será destinado a instituições públicas que combatem crimes cibernéticos, indicadas pelo próprio MPDFT, e R$ 500 mil para instituições de caridade.

Algumas companhias que registraram vazamento de dados por ataque cibernéticos, no Brasil e no mundo, acionaram outras apólices, como D&O e Responsabilidade Civil Profissional (PI), uma vez que a apólice de cyber ainda engatinha conquistando cada dia mais clientes.

Os custos legais de ações como a do Banco Inter não são excluídos das apólices D&O puramente por se tratarem de riscos ligados ao mundo virtual. Já a cobertura de PI, que inclui proteção em caso de litígio sobre a qualidade de um serviço ou acusações de negligência por parte de clientes, em geral não possui exclusões relacionadas a riscos cibernéticos.

Certamente muitas novidades devem ser anunciadas neste ano, pois vontade de crescer não falta para o mercado de seguros e nem para o banco, que busca ter uma penetração de seguros maior na base de clientes. O balanço do grupo de 2018 trará uma parte dedicada a operação de seguros. A conferir.

Fonte: Sonho Seguro