Polêmico projeto de extração de carvão na Austrália gera mobilização da sociedade e afasta seguradoras do negócio

Graves riscos ambientais, sociais e de governança também dificultam a captação de recursos para a exploração da mina.

Segmentos da sociedade australiana e ambientalistas do mundo todo vêm se mobilizando contra um controverso projeto de extração de carvão mineral na Austrália, trazendo à tona um grande debate ético, com desdobramentos que colocam o setor de seguros sob o holofote.

A polêmica teve início quando o conglomerado indiano Adani anunciou a intenção de operar a mina Carmichael, que fica no norte da costa leste da Austrália e tem potencial para produzir 27 milhões de toneladas de carvão mineral por ano, o que geraria, em todo o ciclo de vida da mina, o equivalente a cerca de 8 anos de emissão de gases de efeito estufa de toda a Austrália.

Além disso, o complexo industrial oriundo do projeto poderia afetar a Grande Barreira de Corais australiana, que é patrimônio mundial da humanidade e está localizada próxima da mina, como também estão os povos indígenas Wangan e Jagalingou, que já questionam juridicamente sua legalidade.

E contribuindo ainda mais para a polêmica, o grupo Adani também é acusado de suborno, corrupção, abuso dos direitos humanos, exploração dos trabalhadores e evasão fiscal.

As inúmeras questões ambientais, sociais e de governança (ASG) inerentes ao projeto criaram uma pressão tal da sociedade australiana que fez com que nenhuma instituição financeira prospectada aceitasse financiar o projeto, incluindo todos grandes bancos australianos e alguns bancos públicos chineses.

Para superar o impasse, os indianos anunciaram que pretendem se autofinanciar, colocando, então, a pressão sobre o setor segurador, uma vez que o projeto precisa de coberturas de seguros para sair do papel.

Consultadas, dez seguradoras já se comprometeram a não disponibilizar seguro para a mina de Carmichael.

Outras 17, no entanto, ainda não se pronunciaram, o que suscitou a redação de uma carta pública chamando as companhias a também não participarem do empreendimento. A carta, disponível apenas em inglês, é assinada por 70 instituições, e pode ser lida clicando aqui.

Confira: https://www.marketforces.org.au/wp-content/uploads/2018/12/12-17-Adani-Insurance-Letter.pdf

Fonte: TheActuary 

Fonte: CNseg