Alimentação durante as festas de final de ano vai muito além da questão nutricional

O período de fim de ano costuma ser cheio de encontros, confraternizações e festas, além das ceias de Natal e Ano Novo.

Junto com tantas programações é comum haver também muita comida e bebida envolvidas. Para quem se cuidou ao longo de todo o ano fica aquela dúvida: seguir firme na dieta, resistindo a todas as tentações, ou deixar de lado todo o esforço despendido e aproveitar? Para a nutricionista Camila Martinewski existem outros aspectos que devem ser levados em conta nesta época do ano.

“A gente não vai comer simplesmente para se nutrir e passar a fome, a gente come pela imposição da data, destes pratos que tem a ver com estas comemorações, e que muitas vezes sequer são condizentes com o nosso clima.

Para muitas famílias as comemorações têm questões de religiosidade e isso também vai influenciar na forma e no que se vai comer, porque o nosso estado de espírito, nossas emoções também estão envolvidas nestas festas”, explica.

Os pratos mais comuns, tipo perus, chesters, são mais gordurosos e típicos de países de clima frio nesta época do ano, mas foram instituídos como o cardápio oficial das festas de fim de ano. “Este tipo de cardápio instituído costuma ser caro, o que não significa que se eu tirar ou adaptar algumas coisas vou perder o clima de Natal.

É possível, sim, fazer algumas mudanças e adaptações para obter melhor custo-benefício”, ressalta Camila. A nutricionista também afirma que por todas as questões emocionais envolvidas neste período, é preciso pensar se as escolhas que serão feitas levam somente em consideração a questão da saúde ou se também contemplam aspectos sentimentais.

“Não faz sentido eu só comer algo porque é fitness e abrir mão de alguma comida que eu gosto neste momento de comemoração, de alegria. É possível focar em algo que te dê prazer e tenha a ver com o momento no sentido do consumo”, diz.

Mesmo levando-se em consideração todas estas questões sociais e culturais, Camila destaca que não é preciso excluir o olhar de cuidado com a qualidade e a quantidade da alimentação. “Para mim, o melhor termômetro são os sinais internos de fome e de saciedade.

A situação é especial, então é comum não prestarmos atenção ao corpo e consumirmos além da saciedade fisiológica. O importante é lembrar que esta não será a última vez que aquele cardápio será consumido, então podemos consumir os itens com consciência e atenção”, alerta.

Para a nutricionista, se houve exagero na noite de Natal, é possível voltar à sua rotina alimentar no dia seguinte, respeitando mais seus limites, sem paranoias ou grandes compensações.

No que tange aos itens propriamente ditos da ceia, chester e peru, os mais tradicionais, são bastante semelhantes em termos nutricionais, o que varia são os tipos de acompanhamentos com os quais serão consumidos. “Geralmente temos frutas em calda e fios de ovos como acompanhamentos.

A única ressalva é que não se deve consumir mais estes tipos de acompanhamentos que a carne em si. O polêmico arroz à grega é um acompanhamento bem interessante, pois em um preparo só mistura diversos grupos alimentares, apresentando um preparo muito completo em termos de nutrientes”, afirma Camila.

Pensando na ceia de Ano Novo, a nutricionista aponta a combinação lentilha e arroz como bastante completa em termos nutricionais e bastante tradicional. “O cuidado aqui fica por conta do preparo e itens agregados ao preparo como bacon e linguiça.

Isso não significa excluir completamente estes itens, mas talvez agregar também outros ingredientes como algum legume picado”, orienta. Em relação às carnes de porco, a costelinha possui muito mais gordura do que outros cortes, podendo ser substituída pelo filé suíno, por exemplo, sem perder a tradição.

Uma ideia da nutricionista para escolher os itens da ceia é levar em consideração o clima de calor intenso, incluindo também salada, legumes refogados, assados ou combinados com frutas.

“Serão pratos mais leves que vão equilibrar com aqueles mais tradicionais e mais pesados, mas que tem o caráter importante e cultural de identificar um cardápio específico daquela data comemorativa”, aponta.

O importante da data, para Camila, é aproveitar para estar com as pessoas em clima de confraternização e sem grandes preocupações com sair ou não da dieta. Mas claro, sempre respeitando o limite de cada um.