Bilionários agora fazem seguro de… uísques raros

Algumas garrafas arrematadas em leilão valem mais de US$ 1 milhão, daí a necessidade de protegê-las.

NOVA YORK – Agora que os preços dos uísques raros estão chegando aos seis e sete dígitos, fazer um seguro para o líquido precioso não apenas é recomendável, mas também essencial.

É o que diz Ron Fiamma, diretor de coleções globais do grupo de clientes privados da AIG. A gigante dos seguros tem visto um crescimento tão grande de coleções de uísque que expandiu sua cobertura de especialidades para incluir aquelas cujos gostos incluem um Macallan de 1926.

— Já são centenas, e logo serão mil os colecionadores de todos os tipos e valores — diz Fiamma sobre os clientes da AIG que incluem uísques em suas coleções com seguros. — Quando as casas de leilão realizam dois ou três leilões de uísque por ano, com garrafas de uísque vendidas por um milhão ou meio milhão de dólares, isso claramente merece atenção.

Em 29 de novembro, uma garrafa de Macallan que passou seis décadas em um barril de carvalho usado anteriormente para xerez foi vendida por um preço recorde de 1,2 milhão de libras esterlinas (US$ 1,5 milhão) na Christie’s de Londres.

Um uísque raro Macallan de 60 anos arrecadou 7,96 milhões de dólares de Hong Kong (US$ 1,01 milhão) na Bonhams da região chinesa em maio. Uma segunda garrafa da mesma safra foi vendida no mesmo dia e no mesmo leilão por US$ 1,1 milhão. Ambas foram vendidas por mais de duas vezes a estimativa mais alta.

Mudança geracional

E, embora seja digno de nota por si só, o aumento dos preços e a consequente necessidade de seguro também dão uma ideia da mudança de cenário dos investimentos alternativos.

— Uma pessoa de 90 anos pode deixar uma bela coleção de pratarias ou talvez algumas joias. Seus filhos de 50 ou 60 anos estão se despojando desses ativos e comprando uísques, relógios bonitos, Ferraris — diz Fiamma. — Nós percebemos isso internamente à medida que eles vão de uma apólice a outra. É fascinante ver a transferência de riqueza do ponto de vista das coleções.

Muitas coleções podem ser agrupadas sob uma cobertura especializada de seguro coletivo, mas as garrafas de uísque raras ou muito caras também podem ser incluídas como itens de linha dentro de uma apólice.

Para um mercado tão aquecido quanto o do uísque atualmente, Fiamma diz ser possível incluir um recurso numa apólice que ofereça uma reserva de 150% (ou mais) sobre o valor máximo, a fim de dar tranquilidade ao cliente e refletir as flutuações do mercado.

— Obviamente, tudo o que asseguramos é importante para os nossos clientes (casas, carros, etc.), mas eles são extremamente apaixonados pelas coleções — conta Fiamma. — São coisas que eles passam a vida acumulando e selecionando, e às quais há muitíssimo apego emocional.

FONTE: Jornal O Globo