Seguradores: “Ainda há passos importantes a dar nas empresas em Portugal”, revela Zurich Portugal

Há novos e emergentes riscos para os seguradores. O cyber insurance é um deles e apenas as empresas de maior dimensão ou com o maior desenvolvimento tecnológico estão sensíveis para as estas matérias. O testemunho de José Coutinho, Chief Underwriting Officer da Zurich Portugal.

Estão as empresas portuguesas conscientes da necessidade de proteger as empresas e os negócios em termos de risco global, caso do cyber risk, do risco de mercado e cotações, do risco de intempéries e sinistros catastróficos ou até do risco de ausência de mão-de-obra devido ao envelhecimento da população?

As empresas estão habituadas a protegerem-se dos riscos mais comuns que tradicionalmente afetam as suas atividades. São exemplos destes riscos a interrupção da atividade causada por sinistros em instalações produtivas como os incêndios ou o risco cambial e taxas de juros que são consequência dos seguros ou mecanismos financeiros.

O surgimento de novos riscos nos últimos tempos tem contribuído para uma maior consciencialização para a proteção ou mitigação de riscos, sejam cibernéticos, regulatórios/compliance ou de reputação da marca. Contudo, há ainda um longo caminho a percorrer na maioria das empresas, em especial nas PME.

Esta é uma área onde a Zurich Portugal está a fazer um grande esforço de sensibilização e consciencialização junto das pequenas e médias empresas o nosso objetivo é posicionar-nos como um parceiro na gestão de risco, contribuindo assim para a resiliência dos negócios dos nossos clientes e da economia nacional em geral.

A (o) seguradora/broker está apta (o) a responder às necessidades das empresas em termos de risk management? Quais os produtos que pode oferecer?

Em termos de risk management há a destacar os serviços especializados de engenharia de risco da Zurich, que estão disponíveis em Portugal e que são uma referência a nível mundial.

Neste serviço aconselhamos os nossos clientes a tomarem medidas específicas de proteção aos seus negócios, em diversas vertentes: riscos patrimoniais, responsabilidade civil, acidentes de trabalho ou frota automóvel.

Para além deste serviço especializado, disponibilizamos uma oferta alargada de soluções de seguro que visam proteger as empresas dos riscos a que se encontram expostas no âmbito da sua atividade, nomeadamente em termos patrimoniais, responsabilidade civil ou proteção financeira face a eventuais perdas de exploração.

 

Quais as áreas e atividade/negócio onde existe maior receptividade a nível de gestão de risco?

Voltando aos serviços especializados de engenharia de risco da Zurich, sentimos que as empresas de maior dimensão e/ou multinacionais já revelam uma excelente receptividade na análise a riscos patrimoniais.

Em Portugal, falta ainda sensibilizar as PME para a importância da proteção do negócio – é por isso que temos vindo a trabalhar está sensibilidade junto das PME.

Os gestores têm suficiente literacia para perceber a necessidade imediata de cobertura em termos de enterprise risk management?

Creio que ainda há passos importantes a dar nas empresas em Portugal. A curto e médio prazo as companhias de seguros terão que desempenhar um papel fundamental junto dos gestores, apoiando-os na gestão dos riscos. Gerir o risco significa trabalhar para diminuir a frequência ou a severidade de perdas e tentar evitá-las.

Primeiro há que fazer o diagnóstico de riscos, depois a priorização desses riscos e, por fim, aplicar procedimentos que permitam a sua mitigação. É nosso dever assegurar cada vez mais este papel de “consultor”, em contraste com o papel mais tradicional de “reparador” ou “indemnizador”.

O que explica a ainda fraca penetração deste tipo de seguros no mercado nacional?

Uma vez que é uma área menos tradicional e com menor conhecimento do comportamento do risco, talvez haja, por parte das seguradoras, uma falta de investimento na disponibilização de novas soluções.

A sua empresa está em condições para montar e gerir uma cativa para um cliente final? Que tipo de cliente pode vir a deter uma cativa?

A Zurich Portugal não faz gestão de cativas.

Fonte: Jornal Económico