Seguradoras de cyber serão cerca de 15 daqui a um ano

O mercado brasileiro de seguros cibernético está crescendo em boa velocidade. Hoje apenas sete seguradoras estão no mercado. Mas dentro de mais 12 meses outras aparecerão, mais do que dobrando esse total.

A previsão é de Cláudio Macedo Pinto, presidente da Clamapi, corretora sediada em São Paulo e especializada em seguros cibernéticos.

Uma das razões para o crescimento é que a legislação – tanto a europeia quanto a brasileira – está chamando a atenção das empresas para a sua responsabilidade civil sobre os dados que ela armazena. “Toda empresa é responsável no vazamento de dados de seus clientes”, explica Cláudio.

Como os riscos só têm crescido, diz ele, as empresas recorrem cada vez mais às seguradoras para cobri-los. “A principal cobertura é a responsabilidade civil de dados. Ou seja: se o dado vazar e alguém entrar com uma ação, a empresa estará coberta”, detalha.

Outra cobertura bastante importante para empresas que têm uma base com muitos clientes, acrescenta, é a de notificação, porque “notificar milhares ou milhões de clientes tem um custo muito elevado.

Há outras coberturas, ainda, de interesse das empresas que sofrem vazamentos. São principalmente as de despesas para contratar, por exemplo, especialistas que irão deter o ataque ou providenciar para que aquela vulnerabilidade não fique aberta. Seriam essas as mais importantes para empresas que podem sofrer vazamentos”.

Cláudio lembra que as empresas devem entender que têm responsabilidade civil e precisam de coberturas para as despesas nos casos de vazamento de dados. O dimensionamento do prêmio (o valor pago pelas empresas para obter a apólice de seguro) é complexo.

E algumas vezes uma é necessário a combinação de duas ou mais seguradoras, observa ele. “Cada uma tem suas métricas. Mas elas levam em consideração vários pontos – tamanho da empresa, faturamento, quantidade de dados na base. Uma empresa que guarda os dados de 300 funcionários ou clientes deverá pagar menos do que uma que guarde os dados de 500 mil, um milhão de pessoas”.

Até mesmo o setor onde a empresa opera irá influir no preço final da apólice: “Ter ou não ter e-commerce tem um peso, ter ações em bolsas americanas aumenta o peso, se transaciona com a Europa idem. É uma série de componentes que a seguradora analisará para calcular quanto cobrar”, detalha Cláudio.

Ele diz que pode haver situações em que empresas semelhantes e do mesmo setor paguem preços diferentes por causa do seu sistema de proteção, por exemplo. “É muito parecido com o levantamento do perfil de um proprietário de automóvel”, conclui.

No caso de haver um incidente (que o setor de seguros chama de sinistro), o segurado (a empresa) tem de informar o acontecimento à seguradora. “Primeiro de tudo a empresa terá de notificar o sinistro, avisando a seguradora. No caso de um vazamento, precisará então informar que terá de notificar os clientes.

Mas antes de fechar qualquer acordo de indenização com o cliente, tem de avisar a seguradora e obter autorização para isso. Caso contrário, poderá não receber a indenização. Igual ao que se faz com um carro batido: é preciso obter um orçamento dos danos causados para a seguradora aprovar”.

Fonte: Paulo Brito (Blogue)