Folha de São Paulo promove seminário para discutir reforma da previdência

Seguros, previdência e inovação foi tema de palestra no auditório do jornal Folha de S. Paulo, na quinta-feira, 28. O evento foi organizado pelo jornal e contou com a participação de Márcio Coriolano, presidente da CNseg, Edson Franco, presidente da FenaPrevi e Jorge Nasser, vice-presidente da Bradesco Vida e Previdência.

Coriolano fez a abertura do evento que tinha na plateia um público variado. O dirigente disse que a previdência privada tem participação de 6,5% do PIB e 150 mil empregos diretos. “São 13,5 milhões de planos de previdência privada que cobrem 6,5% da população”, pontuou.

Ele explicou que o seguro tem característica de proteção e formar reservas financeiras e ser uma alavanca de desenvolvimento para o país. “O seguro deve ter um local privilegiado na tomada de decisão das políticas públicas. Ele tem essa característica de formador de poupança de longo prazo e é preciso que as pessoas conheçam”, disse. Nesse sentido, ele abordou algumas ações da CNseg que contribuem para a divulgação do seguro como a Rádio CNseg.

O dirigente destacou que o conhecimento do seguro é desproporcional a importância que ele tem na vida das pessoas e das empresas. Para ele, o fato de o país ter renda média talvez explique o fato de que 24% da população tem acesso a saúde privada, 30% da frota seja segurada e 10% das casas tenha seguros. Como sempre faz em seus discursos, ele lembrou que o setor de seguros cresceu mesmo durante a crise provando sua resiliência. “A população entendeu que é na crise que se precisa de proteção para o futuro”, destacou.

Reforma da previdência

O painel com maior participação foi o que discutiu a reforma da previdência. Jorge Nasser, vice-presidente da Bradesco Vida e Previdência, destacou a longevidade como fator importante. “Viveremos mais e é preciso pensar no planejamento financeiro. O Brasil não tem essa característica. A penetração do seguro de vida ainda é muito baixa no país”, disse.

Para ele, a discussão da Previdência é urgente. “O rombo chega a R$ 268 bilhões. Falta a característica de poupar a longo prazo e o desafio do setor de previdência privada e da sociedade é entender a importância desse pilar”, disse.

As reservas de previdência privada crescem, mas Nassar ressalta que ainda é pouco já que ele abarca 22% do PIB enquanto outros países como o vizinho Chile chegam a 60%.

Já Edson Franco, presidente da FenaPrevi, lembrou que 45% do custo da seguridade social vem dos gastos públicos com a seguridade social e toma 12% do PIB. O que o Brasil gasta é equivalente ao que países como Japão, Suécia e Suíça gastam. “Nós gastamos muito.

O problema não é o déficit, ele é consequência. O problema é o tamanho do gasto. O que se paga com pensões rurais é 50 vezes o que gastamos com saneamento público, por exemplo, área que o país também tem problemas. O gasto é grande e insustentável”, alertou.

Insustentabilidade da previdência vem de um acúmulo de boas notícias: aumento da expectativa de vida, queda da natalidade. Temos uma população que vai entrar em tendência de estabilização, encolhimento e envelhecimento. Isso era consequência em diversos âmbitos: mercado de trabalho (teria de absorver pessoas de maior idade), econômica (o sistema previdência está montado na repartição de caixa.

Muitos trabalham para sustentar a base de aposentados. Teremos menos gente para financiar a aposentadoria de mais gente…esse sistema não é viável. 1 aposentado para 10 pessoas na ativa) em 2050, a projeção é de 1 aposentado para cada 2,5 pessoas trabalhando.)

Como resolver? Reforma paramétrica nos moldes do que já foi proposto pelo governo. O relatório final que estava prestes a ser votado, do deputado artur maia dava uma solução razoável para o problema de curto prazo. Precisamos de uma reforma estrutural. O modelo previdenciário proposto pelo banco mundial.

Segundo pilar similar ao INSS no regime de partição. (Ouvir a gravação)

A jornalista Marcia Dessente, colunista do jornal Folha de S. Paulo e planejadora de financiamento pessoal disse que as pessoas vão precisar ser responsáveis para complementar suas aposentadorias do INSS. “A reforma vai ser feita e isso não se discute. Resta saber quando. Você hoje precisa cuidar de você amanhã”, disse.

Para ela, antes de falar de produto, a indústria do seguro precisa falar de vida.  A jornalista destacou que as pessoas precisam estar conscientes de que precisam poupar e pensar no futuro. “É preciso ajudar a sociedade a estar consciente sobre essa necessidade. Como a indústria do seguro pode ajudar nisso? ”, questionou.

A colunista ressaltou que o brasileiro adora caderneta de poupança e por quê? “Porque é simples. Ela chamou atenção sobre a questão da adaptabilidade dos planos ao consumidor e lembrou que os planos de previdência complementar são complexos. “É seguro, mas é vendida como investimento. Tentou-se simplificar o discurso, mas a simplificação dos produtos – que não é simples – pode levar o consumidor a erro”, alertou.

Para ela, o mercado de seguros precisa ajudar o consumidor a fazer as escolhas e analisou que o grande concorrente da previdência privada é o tesouro direto pela simplicidade e pela oferta. “A previdência privada dá outros benefícios, mas ela diz? É preciso trabalhar a previdência como seguro de renda futura”, provocou. Até porque, lembrou a jornalista, metade da população não é bancarizada “quanto mais entender a necessidade de um plano de previdência”.

Franco acrescentou ainda que a sociedade brasileira não tem consenso sobre a necessidade da reforma. “Temos um desafio de educação financeira enorme e o grande desafio do próximo governo é a desinformação”, sinalizou o executivo.

Para ele, o mercado de previdência privada se formou a partir de 1994 e é preciso conquistar as pessoas que estão na base da pirâmide. “Há um paradoxo entre a complexidade da oferta e a necessidade de atender a demanda.  O corretor de seguros não vende previdência e isso precisa mudar”, sinalizou.

Ele reforçou ainda a necessidade de se conquistar as pessoas que estão na base da pirâmide. “A queda de juros deve movimentar o mercado como um todo porque influencia diversos aspectos”. E reconheceu que a previdência é vendida como opção de investimento: “Ainda não vendemos o produto com o apelo de opção de renda ou chamada para renda futuro porque ainda é um mercado jovem. Precisamos começar a fazer a inversão de argumento”, disse.

FONTE: CQCS | Sueli Santos