Resgates dos planos de previdência aberta aumentam quase 30% em abril

A queda da taxa básica de juros (Selic) para 6,5% e a lenta recuperação econômica trouxeram uma retirada total superior em R$ 504,1 milhões à registrada no mesmo período do ano passado

Com a queda da taxa básica de juros (Selic) e a lenta recuperação econômica, os resgates dos planos de previdência aberta subiram 27,2% em abril ante igual período de 2017. As expectativas para o segundo semestre, porém, são positivas para o segmento.

Os últimos dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) apontam que os resgates do Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL), do Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) e dos planos de previdência tradicional somaram mais de R$ 2,356 bilhões em abril, volume R$ 504,1 milhões superior ao registrado em igual mês de 2017 (R$ 1,852 bilhão).

“Grande parte dos clientes de previdência resistiram bastante nos planos durante a recessão, mas chegou um momento em que, com a lenta recuperação econômica, muitos ainda precisam pagar suas contas e diminuir alavancagem”, explica o vice-presidente de investimentos, vida e previdência da SulAmérica, Marcelo Mello.

O executivo comenta ainda que com a queda da Selic para o atual patamar de 6,5% e a consequente migração dos fundos para carteiras mais diversificadas, grande parte da preocupação das seguradoras e das assets independentes está em fazer a chamada “venda consultiva”.

“Já temos um movimento mais significativo para multimercados, que têm uma estratégia mais sofisticada e, por isso, é importante a dinâmica de entender o perfil do investidor para fazer a venda. O cliente precisa estar atento e buscando um produto que compense a Selic”, complementa Mello.

Nessa linha, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) apontam que a maior força de crescimento dos fundos origina principalmente das carteiras de ações e de multimercados.

Só em abril, enquanto o patrimônio líquido dos planos de renda fixa subiu 13,2% em relação ao mesmo período de 2017, de R$ 620,8 bilhões para R$ 703,2 bilhões, as carteiras de ações subiram 44,8% (de R$ 4,7 bilhões para R$ 6,7 bilhões) e os multimercados avançaram 73,4% (de R$ 23,8 bilhões para R$ 41,4 bilhões) na mesma base de comparação.

De acordo com o diretor de previdência da Icatu Seguros, Felipe Bottino, parte do desafio é mostrar que ainda que haja volatilidade frente os cenários domésticos e internacionais, o panorama deve ser visto no longo prazo.

“Em PGBL, por exemplo, as tabelas são regressivas e os horizontes são, em média, de dez anos. É importante que o investidor entenda que, embora tenhamos um ano de volatilidade pela frente, a recomendação para os longos prazos não mudam”, acrescenta Bottino.

Fundos de pensão

Do lado da previdência complementar fechada – planos coletivos e sem fins lucrativos voltados para oferta por parte das empresas aos seus funcionários –, o desafio de diversificação também se faz presente.

“Não dá mais para pensar apenas em renda fixa, temos tentado trabalhar com um portfólio mais diversificado a fim de se obter uma maior rentabilidade aos planos”, comenta o diretor de fundos de pensão da Icatu, Sérgio Egídio.

Ele reforça, ainda, a necessidade de conhecimento do perfil, principalmente ante a perspectiva de maior demanda que as atuais e futuras discussões sobre a reforma da Previdência podem trazer ao segmento.

“Já temos uma busca maior pelo produto no geral e isso é uma sinalização de que as pessoas começam a pensar que, com déficit da previdência social, há uma necessidade de pensar em complemento futuro. Isso ainda deve crescer”, conclui Egídio, da Icatu.

FONTE: DCI via Revista Cobertura