Manutenção da Selic na pauta do encontro do CEM

Economista Luiz Roberto Cunha diz que decisão surpreendente do BC provocará maior volatilidade nos mercados financeiros.

Uma maior volatilidade nos mercados financeiros a curto prazo pode ser a principal consequência da decisão do Copom do Banco Central de manter inalterada em 6,50% ao ano a Selic, algo que provocou surpresa entre investidores e analistas, tendo em vista a sinalização de novo corte, de 0,25 ponto percentual, indicada na ata de março.

A opinião é do economista Luiz Roberto Cunha, professor de Economia da PUC-Rio e membro do Comitê de Estudos de Mercado da CNseg, ao comentar a decisão do colegiado do BC adotada na semana passada.

Até agora, lembra o economista, a comunicação do Copom e a credibilidade do BC, em linha com as expectativas do mercado, vinham sendo importantes para evitar especulações. Mas essa confiança foi arranhada com a última decisão do Copom, justamente por ter contrariado a ata anterior.

“É claro que o Copom sempre indica nas suas atas os próximos passos da política monetária, sinalizando continuação ou não, com base na evolução da atividade econômica, balanço de riscos, possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação”, lembrou ele, para quem a última decisão, mesmo sempre havendo possibilidade de uma mudança no cenário, razão pela qual o BC não pode ter um compromisso firme em manter a Ata, contrariou a convicção de que de que haveria uma nova redução, ainda mais após as declarações do presidente Ilan Goldfajn (BC), na semana anterior ao encontro do Copom, classificando a subida do dólar como “normal”, ainda que já houvesse uma aceleração não só do câmbio como do barril de petróleo.

Além da inflação baixa pelo IPCA, os dados das atividades econômicas, fracos, e o desemprego, elevado, reforçavam a expectativa de queda da Selic. Mesmo o dólar em forte aceleração, o BC, com base nas volumosas reservas externas e outros mecanismos de atuação sobre o câmbio, encontra-se numa situação bastante confortável para evitar desvalorizações acentuadas no curto prazo.  Assim, apesar do ‘balanço de riscos’ ser menos favorável do que na decisão de março, o mercado tinha confiança nas atas e esperava a queda. Agora, o cenário mudou.

Os movimentos recentes da economia estarão na análise que o professor Luiz Roberto Cunha apresentará durante a próxima reunião do Comitê de Estudos de Mercado (CEM) da CNseg. O próximo encontro ocorrerá nesta sexta-feira, 25, na sede da CNseg.

FONTE: CNseg