Montepio mantém intenção de venda de seguros a chineses mesmo após não dá Partex

A Gulbenkian diz não ter sido esclarecida, pelo grupo chinês CEFC, das notícias sobre investigações ao seu fundador. Foi a razão para a queda da venda da Partex. O Montepio, pelo contrário, assegura que os contatos se mantêm.

O Montepio mantém a intenção de vender o controlo da área seguradora ao grupo chinês CEFC Energy, com que a Fundação Gulbenkian abortou a alienação da petrolífera Partex.

“Não existe qualquer informação adicional sobre este tema. A CEFC continua em contatos com o Montepio Geral – Associação Mutualista e com a ASF sobre o processo”, responde a assessoria de imprensa da associação presidida por António Tomás Correia (na foto) quando questionada sobre a decisão da Gulbenkian de cancelar o negócio.

A Fundação Calouste Gulbenkian defende que, pese embora queira alienar a petrolífera Partex, não há condições para prosseguir o negócio com aquele grupo chinês. “Na sequência das notícias recentes vindas a público sobre a situação do grupo chinês e face à incapacidade desta empresa em as esclarecer cabalmente junto da Fundação, concluiu-se que não existem condições para continuar as conversações”, indica um comunicado da entidade presidida por Isabel Mota.

No início de março, a imprensa internacional deu conta de que o fundador do grupo, Ye Jianming, estava a ser investigado, por suspeitas de crimes económicos. À Gulbenkian não chegaram explicações, pelo que o negócio caiu.

A mutualista não vê problemas no negócio. O regulador não tem feito comentários ao tema, nem os fez esta sexta-feira. Contudo, há muito que se aguarda uma posição sobre esta operação.

A 27 de Novembro, pela mão de Fernando Nogueira, que lidera a Lusitania, e por Wu Hongbing, presidente do grupo chinês, foi assinado o processo que passa pela venda do controlo da Montepio Seguros – Lusitania Seguros, Lusitania Vida e N Seguros. Desde aí, a ASF, liderada por José Almaça, tem pedido esclarecimentos adicionais sobre o plano de negócios e a venda, mas não tem havido desenvolvimentos adicionais.

Nas contas de 2017, o Montepio constituiu uma imparidade que representa mais de metade do valor da Montepio Seguros. A “holding”, que detém quatro companhias seguradoras (ainda que a sociedade gestora de fundos de pensões Futuro tenha sido excluída da venda), tem um valor no balanço da associação presidida por António Tomás Correia de 256 milhões de euros. A este montante está associada uma imparidade de 149 milhões de euros, pelo que o valor líquido deste ativo se encontra em 106 milhões.

Foi este grupo chinês que Tomás Correia disse, aos membros do conselho geral, que tinha sido encaminhado pelo primeiro-ministro, António Costa, conforme revelado pelo Público, o que o primeiro-ministro veio depois desmentir.

Em fevereiro, já tinha sido noticiado que a venda da Montepio Seguros à Partex estava a enfrentar dificuldades, sendo que o grupo chinês veio posteriormente reforçar o seu empenho.

Fonte: Jornal de Negócios – Portugal