Mercados regulados tem menos espaço para inovação

Inovação, disrupção, tecnologia e startup. Esses foram alguns dos assuntos abordados na Insurtech Brasil que aconteceu nessa quinta-feira, dia 5, em São Paulo. O evento atraiu atenção de profissionais de diversas áreas interessados no tema.

Na parte da manhã, Pedro Waengertner, fundador da ACE, uma aceleradora de startup, fez a abertura do evento e falou sobre a importância da inovação. “O que era tendência, virou realidade”, disse ele. Hoje a taxa de sobrevivência das empresas é baixa. Segundo Waengertner, poucas empresas sobreviveram nos últimos 40 anos.

Há uma redução no ciclo corporativo. “Se continuar assim, uma empresa vai durar em média 14 anos. Ou ela vai quebrar ou ser comprada por alguém”, apontou. Ele lembrou ainda que no Brasil, as empresas estão calcadas em setores tradicionais.

Nesse sentido, ele explicou que tradicionalmente, fomos treinados para pensar de forma linear, mas a tecnologia nos faz pensar de maneira exponencial. E aí pode surgir um gargalo. A solução apontada por Waengertner, diferente do que se pensa, não é a tecnologia. “Hoje temos acesso a diversas tecnologias, ela está acessível e democratizada”, disse ele.

A solução é trabalhar como startups. “A questão é o design organizacional. Como é montada a estrutura e cultura da empresa”, revelou. Na cultura há uma série de pontos que podem barrar a inovação: compliance, comportamento e regras que podem engessar essa transformação.

E, nesse sentido, a chave para inovação é permitir que as pessoas errem “e errem barato”, diz Waengertner. E isso é “permitido” na estrutura de startup que tem uma hierarquia mais fluida com o funcionamento voltado para dados: há espaço para testar e inovar já que são mais pragmáticas. “Errar é aprender e ganha a briga quem aprende mais rápido”, disse ele.

Mauricio Martinez, gestor de inovação da Porto Seguro e responsável pela Oxigênio Aceleradora. Ele falou da experiência da empresa que, apesar de ter sido criada na seguradora, tem uma atuação independente. “A Oxigênio nasceu de uma provocação na empresa de como a tecnologia poderia ajudar a empresa a ser mais ágil e a resposta seria uma startup”.

Ele explicou que a Oxigênio tem a intenção de estimular e ajudar o ecossistema de empreendedorismo e participar de maneira ativa. A Oxigênio leva a inovação para dentro da empresa e ajuda as startups a construir projetos.

Barreiras

Beatriz Rocha, representante do Banco do Brasil e Mapfre, disse que as questões regulatórias são barreiras para o desenvolvimento das startups, mas não é só isso. “Há barreiras na própria organização já que a questão da cultura organizacional, a intolerância ao erro inibe o processo de experimentação dentro de uma organização”, destacou.

Waengertner afirmou que mercados altamente regulados inovam menos. É preciso inovar sempre tendo foco no cliente, porém a chave das empresas que mais inovam é atuar com disrupção e inovação. Mas como ter foco simultâneo? “É difícil, mas as empresas devem valorizar os microempreendedores que estão espalhados por toda a empresa.

Eles, muitas vezes, trabalham direto com o cliente e, por isso, precisam de autonomia para inovar e testar coisas diferentes. Se tomarmos a dianteira de oferecer oportunidades para pessoas vamos reter estes talentos e ter a inovação que precisamos”, salientou o criador da Ace.

FONTE: CQCS | Sueli Santos