Carros serão data centers sobre rodas, diz especialista

Executivo da T-Systems afirma que dados gerados por automóveis serão mais lucrativos que os próprios automóveis.

Carros estão se tornando data centers sobre rodas. É o que acredita François Fleutiaux, diretor da divisão de TI da T-Systems, que diz que é hora do mercado de preparar para trabalhar com estes dados.

O especialista destaca que, atualmente, muitos dos carros fabricados contam com mais de 100 sensores embarcados, capazes de monitorar permanentemente itens como velocidade, temperatura do motor e funcionamento dos freios, coletando para isso uma série de outras informações. Os sensores fazem com que estes automóveis produzam cerca de 25 GB de dados por hora.

Carros autônomos terão impacto ainda maior, já que a previsão é de que este volume salte para 3,6 mil GB por hora.

Os dados não serão gerados apenas com o veículo em movimento, mas também produzidos em toda a cadeia de valor, do design e desenvolvimento, produção, vendas e uso, até as revisões e manutenção.

O executivo lembra também que é preciso haver um consenso entre especialistas de que empresas com capacidade de coletar, integrar e analisar estes dados com inteligência estarão entre os vencedores da revolução digital. “Estas empresas serão capazes de melhorar a eficiência de uma série de processos e de abrir novas possibilidades de vendas com serviços inovadores”, prevê.

Fleutiaux defende que o mercado precisa, para potencializar os dados produzidos por veículos, desenvolver mais conectividade, capacidade de storage e softwares inteligentes. De acordo com o Gartner, um em cada cinco veículos será equipado com alguma forma de conexão sem fio até 2020, que devem totalizar cerca de 250 milhões de veículos globalmente.

Na prática

O executivo cita 3 três exemplos de serviços já realizados pela empresa neste novo mercado. Confira:

Manutenção preditiva em produção automotiva: de acordo com a IFR (International Federation of Robotics), 2,6 milhões de robôs estarão em uso até 2019, muitos deles já em operação. Um carro médio tem cerca de 6 mil pontos de solda. Se um único robô de soldagem tem uma parada inesperada, toda a linha é paralisada, causando prejuízos de cinco a seis dígitos para o fabricante. Há dados de medição e consumo de energia que permitem prever uma parada deste tipo com seis dias de antecedência, permitindo que a manutenção trabalhe de forma programada.

Seguro automotivo pago por uso do carro: poucas seguradoras utilizam tecnologia telemática para monitorar o comportamento dos motoristas, premiando hábitos de direção segura com taxas mais baixas. Uma caixa telemática, ou mesmo o smartphone, pode ser utilizado para gravar estes dados e envia-los para a companhia seguradora.

Se o automóvel tiver um SIM card instalado, estes dados podem ser transferidos sem problemas. Seguradoras e fabricantes de automóveis já estão trabalhando para estabelecer um framework legal que permita o fornecimento de dados relevantes para as seguradoras.

Semáforos que reconhecem veículos de emergência: muitos semáforos já estão equipados com câmeras de monitoramento, permitindo sua otimização de acordo com o fluxo. A cidade de Milton Keynes, na Inglaterra, por exemplo, está equipando seus cerca de 2,5 mil semáforos com câmeras inteligentes capazes de reconhecer ambulâncias e mudar as fases para permitir sua passagem.

Fonte: Computerworld