Açoreana faz crescer número de lesados do Banif

O Santander Totta comprou o Banif, mas não os seguros dos créditos à habitaçãoCréditos / Funchal Notícias.

A denúncia unilateral das apólices de seguros de vida dos créditos habitação do Banif, por parte da Açoreana, aumentou o número de clientes prejudicados pelo banco. Santander Totta ficou com o negócio do Banif mas não assume responsabilidade.

Segundo informação divulgada no início do ano, a Seguradoras Unidas (ex-Tranquilidade e ex-Açoreana) terá procedido à denúncia unilateral das apólices de seguros de vida relativas aos créditos habitação dos clientes do Banif, invocando a «sua sustentabilidade técnica».

Antes do colapso do Banif, os seguros de Vida Grupo associados aos créditos habitação do banco eram realizados pela então Açoreana, seguradora participada em 48% pelo Banif e agora detida pelo fundo norte-americano Apollo.

Estes seguros eram efetuados pelo prazo total dos respectivos contratos de empréstimo, renovados automaticamente no final de cada ano. Porém, a Seguradoras Unidas tentou explicar a denúncia unilateral dos contratos dos seguros de vida, dizendo que estes eram temporários, «com duração anual, podendo renovar-se no final de cada uma das anuidades».

Já o Santander Totta, que ficou com os clientes do Banif, não só responsabiliza a Açoreana pela denúncia dos contratos de seguro de vida, como afirmou publicamente ser «alheio a esta situação e não interferir na gestão de processos de outras empresas».

Divisão do negócio cria «contradições»

Para o grupo parlamentar do PCP na Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira, o problema de fundo é que, «com a chamada resolução do Banif, com a atividade bancária e seguradora a serem adquiridas por grupos diferentes, criaram-se contradições e, desde já, novas ameaças que fazem alargar» o número de lesados do Banif.

Num projeto de resolução apresentado no passado dia 22, os comunistas consideram que, para além da urgência de se salvaguardar uma proteção para os clientes do Banif, importa esclarecer se houve «abuso ou irregularidade nos procedimentos de denúncia das apólices de seguro de vida relativas aos créditos habitação dos clientes do Banif».

Por outro lado, defendem que os «fundamentais deveres do Estado» devem ser assegurados de modo a garantir a proteção e a segurança dos cidadãos, e «o necessário restabelecimento da confiança da sociedade no sector financeiro».

Fonte: Abril