Seguro de veículo é até 30% mais caro na região

Alta é justificada pelo índice de roubos e furtos, que ocorrem com maior frequência que na Capital.

Contratar um seguro automotivo no Grande ABC é até 30,11% mais caro do que na Capital (Zona Sul) e no Litoral, sendo as sete cidades a região que possui o valor médio mais elevado em todo o Estado de São Paulo.

Um dos principais motivos que levam ao título é a incidência de roubos e furtos, que é superior à das demais localidades. Para se ter ideia, a cada 100 veículos, 1,3 é subtraído, enquanto que na Capital a relação é de 0,9 para 100 e, no Estado, 0,5, segundo a taxa de delito da SSP (Secretaria da Segurança Pública).

Outros fatores como o índice de batidas e o clima também fazem com que o preço no Grande ABC seja maior. “A infraestrutura influencia na quantidade de colisões, pois vias com buracos e semáforos que não funcionam corretamente podem provocar acidentes.

Do mesmo modo, localidades onde há maior incidência de enchentes quando chove elevam os custos dos seguros”, afirma Marcelo Blay, coordenador da comissão de inovação do Sincor-SP (Sindicato dos Corretores de Seguro do Estado de São Paulo).

Além disso, custos para o conserto, como peças e mão de obra, perfil do condutor e tipo do veículo interferem no preço. “Pessoas jovens e solteiras tendem a bater mais o carro do que aquelas casadas e com filhos, por isso, para elas será mais caro”, explica Blay.

Ao mesmo tempo, conforme o automóvel envelhece, a apólice encarece, dado que a oferta de peças diminui e, as chances de perda total – quando o custo para reparo é maior do que 75% do valor de mercado do veículo e a seguradora indeniza o segurado –, são maiores.

Considerando seguro novo para um Renault Sandero 2010 de propriedade de mulher de 35 anos, casada e sem filhos, Santo André conta com a apólice mais cara – R$ 5.355 – cuja taxa de delito é de 1,3 a cada 100 veículos. Em contrapartida, São Caetano possui o menor valor da região – R$ 4.332 –, onde é registrada 0,4 de infração, menor índice das sete cidades.

Vale destacar que, em quatro anos, o valor médio do seguro subiu 67,5% no Grande ABC, passando de R$ 2.861 para R$ 4.792. Na Capital, o aumento chegou a 66,2% e, em Santos, 45,59%. Para comparação, foram utilizados os mesmos veículo e perfil do condutor de matéria publicada pelo Diário em 2015.

Embora neste caso o incremento do valor se deva, principalmente, à idade do veículo, Arnaldo Odlevati Júnior, coordenador da comissão de oportunidade de negócios do Sincor-SP e sócio da Odlevati Corretora de Seguros, afirma que, nos últimos anos, as apólices estão com “viés de alta de cerca de 5% ao ano”.

Ele destaca que o encarecimento acentuado do exemplo considera a assinatura de novo contrato e que, no caso de renovações, os custos diminuem. Isto porque, caso a pessoa não utilize sua franquia, bônus serão concedidos anualmente.

CRISE – De acordo com Odlevati Júnior, a procura por novos contratos caiu 10% nos últimos três anos. “Algumas pessoas perderam o emprego e acabaram vendendo o veículo”, explica. No entanto, em 2017 os cancelamentos se estabilizaram e, no início deste ano, sinais de melhora já podem ser notados, diz o especialista.

Apólice popular pode reduzir custo em 25%

O Seguro Auto Popular proposto pela Susep (Superintendência de Seguros Privados) está em vigor desde 2016. À época da aprovação, a modalidade previa redução de até 30% do valor dos seguros, pois autorizava as seguradoras a utilizarem peças de desmanches legalizados nos consertos.

Entretanto, conforme Marcelo Bay, coordenador da comissão de inovação do Sincor-SP, as seguradoras não conseguiram baratear as apólices, dado que a demanda por peças é maior do que a oferta dos desmanches.

Segundo Bay, está em fase de aprovação cláusula que permitirá, até o fim do ano, que, além dos itens oriundos de desmanches em situação legal, também sejam utilizadas peças ‘genéricas’. Quando implementada, o desconto ao segurado pode chegar a 25%, dependendo do veículo e empresa contratada.

LEI DO DESMANCHE – Desde 2014, a legislação que visa regularizar os desmanches está em vigor no Estado de São Paulo e, no País, desde 2015. No entanto, Blay avalia que a medida não é suficiente, dado que a fiscalização atua em apenas algumas regiões.

“Não adianta, porque roubam o carro aqui e vendem em outro local onde é mais brando”, explica. Deste modo, o índice de roubo e furto de veículos que abastece o mercado ilegal de peças não é contido, e os seguros não conseguem ser barateados.

FONTE: Diário do Grande ABC via Revista Cobertura