Lazari Junior aposta na aprovação da reforma

O novo presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, afirmou nesta segunda-feira (5) que a aprovação da reforma da Previdência é fundamental para reduzir o rombo das contas públicas e melhorar as perspectivas econômicas para o Brasil e disse que acredita ao menos parte da reforma seja aprovada ainda neste ano pelo Congresso.

“Não há alternativa, temos que fazê-la. Pode ser que não dê para fazer tudo de uma vez, que seja feito um passinho de cada vez, mas ela precisa ser feita”, acrescentou Lazari a jornalistas, que irá completar nesse ano 40 anos de Bradesco e, pelas regras atuais, já poderia solicitar aposentadoria por tempo de contribuição. “Poderia, porque com 40 anos de trabalho já poderia ter me aposentado, mas não requeri ainda não”, explicou.

“Ele tem que trabalhar muito ainda”, brincou Luiz Carlos Trabuco, que está deixando a presidência para se dedicar exclusivamente à presidência do conselho de administração.

Lazari, de 54 anos, teve a sua indicação para a presidência do segundo maior banco privado do país aprovada nesta segunda-feira pelo Conselho de Administração do Bradesco. Atualmente, o executivo é vice-presidente do Bradesco e presidente do Grupo Bradesco Seguros, cargo que continuará ocupando, ao mesmo até março, quando deverá ser definido o novo organograma da diretoria. Ele entrou aos 15 anos no banco como office boy, em 1978.

Já Trabuco classificou a reforma da Previdência como “mandatória” diante do tamanho do rombo e do crescimento demográfico da população.

“Independente de qual é o trânsito no Legislativo, não podemos perder essa expansão da consciência que isto é um problema e alguma coisa temos que fazer. É inimaginável ter um sistema sem idade mínima”, destacou.

“Quando o déficit o déficit é tão monstruoso como já é, antes do país ficar plenamente desenvolvimento, podemos encaminhar para um conflito de gerações, porque faltam recursos para os gastos essenciais do estado”, acrescentou.

Perspectivas para 2018

O novo presidente avaliou que o ano 2018 deverá ser “muito melhor” do que os anteriores, em termos de atividade econômica.

“A inflação não deve descolar, deve manter o centro da meta, o PIB podemos crescer 2%, 3% e devemos ter uma geração superior a 1,5 milhão de novos empregos”, avaliou.

Com relação às incertezas decorrentes da corrida eleitoral, Lazari disse que “a agenda positiva para o país é igual” independentemente de quem sejam os candidatos e de quem vier a ganhar. “Todos sabem que precisamos trabalhar a reforma previdenciária, a reforma política, reforma fiscal. Tudo isso está na pauta independente de quem seja o candidato”.

Novo presidente fala em continuidade

Em seus primeiros comentários, após a nomeação, Lazari evitou em falar em metas e prioridades. Segundo ele, seu principal desafio será buscar renovação, sem ruptura, dando continuidade ao modelo de administração do banco, que em 75 anos de história teve apenas 5 presidentes executivos e 3 presidentes de conselho.

O novo presidente destacou, entretanto, que reduzir despesas e um trabalho contínuo e que a melhora das taxas de retorno para os acionistas e aumento das receitas serão perseguidas com ganho de escala e maior participação no mercado de crédito, sobretudo em um cenário de taxa de juros em queda.

Taxa de juros e spread

“Com a redução das taxas de juros, que saíamos de 14% para 7%, e deveremos ter essa semana ter mais uma redução de taxa de juros, óbvio que temos que pensar que os spreads vão se achatar. Então qual é a alternativa? É ganhar escala, não há outra alternativa num banco do porte do Bradesco”, disse. “Ter uma rede de cerca de 5 mil agências é uma vantagem competitiva”.

Lazari descartou também a aquisição de outro banco no curto prazo e disse que o banco ainda não capturou integralmente as sinergias da incorporação do HSBC. “Não há nada mais para comprar, até porque temos que demitir e aproveitar melhor todas as eficiências e oportunidades que esse banco trouxe”, disse.

No ano de 2017, o Bradesco fechou mais de 500 agências e reduziu o número de funcionários em 9,2%, para 98,8 mil.

Tradicionalmente, o Bradesco escolhe executivos da casa para comandar o grupo, em vez de recrutar um presidente no mercado.

Segundo Trabuco, o nome de Lazari foi ganhando força e consenso entre a maioria dos membros do conselho em janeiro. “Desde o começo, foi considerado que sairia dentre os nomes da diretoria”, disse, destacando como diferenciais do executivo a “habilidade de gerenciar por consenso” e “capacidade de conhecimento horizontal da atividade bancária e do mundo dos seguros”.

Ingresso no banco aos 15 anos como office boy

O novo presidente contou que começou como office boy numa agência do bairro da Lapa, em São Paulo, por intermédio do seu pai, e ‘interrompeu’ um projeto de jogar como meio-campista nos times de base do Palmeiras. “Naquela época eu jogava bola no Palmeiras e meu pai falou: ‘Chega filho, agora você vai trabalhar”.

Segundo o executivo, seu pai trabalhava numa imobiliária, que era cliente da agência, e falou com o subgerente sobre uma oportunidade de trabalho para o filho. “Fui fazer o teste no banco, passei e comecei a trabalhar com 14 para 15 anos”, resumiu.

O novo presidente lembrou que quando entrou no Bradesco em 1978 o ambiente bancário era muito diferente e não imaginava que continuaria por tanto tempo na empresa e chegaria à presidência.

“Essa carreira fechada que o Bradesco tem, impulsiona não só a mim, mas todos os funcionários, que sabem que eles entram como office boy ou contínuo e que pode chegar à presidência do banco”, disse, citando também a trajetória dos seus dois antecessores, Trabuco e Lázaro Brandão.

Trabuco informou que na próxima assembleia de acionistas em março será proposta idade limite de 65 anos para os ocupantes da presidência executiva e todos os cargos de direção.

As ações do Bradesco terminaram o dia em queda de 1,6%, enquanto o Ibovespa encerrou em queda de 2,65%.

FONTE: Fenacor via G1