Mercado com expectativas divididas sobre 2018

Ano após ano o mercado de seguros se reúne para uma grande confraternização no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. O almoço das lideranças já é uma tradição e é o melhor lugar para entender como foi o ano que passou e para entender como será o próximo.

Para o superintendente da Susep, Joaquim Mendanha, 2018 já começou. Ele informou que haverá uma reunião do CNSP (Conselho Nacional de Seguros Privados) no dia 19/12 em que há 8 resoluções a serem votadas. “Estamos tratando de resseguro, DPVAT (novo modelo de supervisão), solvência, auto-popular (redirecionando o que a FenSeg colocou) etc. Ao final deste ciclo serão 19 resoluções aprovadas e mais de 21 circulares editadas pela alta direção”.

O superintendente também destacou que em 2019 deverá voltar à discussão a resolução do microsseguro para estabelecer o marco regulatório e entender porque ele não funcionou no passado e promover as mudanças necessárias. O seguro rural já está sendo trabalhado internamente, assim como o Universal Life, que depende de posicionamento da Receita Federal para que seja regulamentado.

Sobre a Proteção Veicular, há o Grupo de Trabalho operando para dar subsídios ao Congresso para encontrar uma solução. “Este assunto é prioridade, porque não dá mais para a Susep nem o mercado ficar apenas na espera. O consumidor não pode esperar mais”, acrescentou Mendanha.

Márcio Coriolano, presidente da CNseg, disse que 2018 vai ser mais difícil que 2017, porque tem a questão das eleições, que criam um ambiente de maior volatilidade. “Paradoxalmente, o Brasil está com fundamentos muito sólidos, o que anima o setor, que vive de produtos de renda e emprego”.

É importante ressaltar que os executivos temiam que 2017 não repetisse os índices de 2016. Entretanto, Coriolano disse que todas as indicações são de que o mercado deva crescer dois dígitos, sem a projeção do DPVAT. “Agora, acreditamos que vamos crescer mais de 10%”, apontou Coriolano.

Para o aumento deste índice pesou o aumento da produção de automóveis no país, o crescimento dos preços. Os planos de previdência também cresceram no final do ano, além dos produtos de vida individual (prestamista, vida a risco). “Isso reflete a tentativa da população de se proteger em um momento como o que vivemos”, apontou.

Ainda sobre vida e previdência, nos dois últimos anos o mercado cresceu e em 2017 ainda manteve bons dados. Edson Franco, presidente da FenaPrevi, espera que o setor continue com um bom desempenho. “2018 será um ano em que mercado estará nervoso. Não sabemos se a reforma da previdência vai passar ou se vai ficar para o próximo Governo, o que influencia o humor dos investidores”.

Franco enfatizou que em um ambiente com maior aversão ao risco, o cliente fica ainda mais conservador. “O mercado de previdência tem por características acolher o investimento conservador. Por outro lado, para a indústria de vida e previdência, quando se pensa em longo prazo, o que pesa mais é a recuperação da renda e do emprego. A maior igualdade social, melhor distribuição de renda e emprego contribuem para o desenvolvimento do setor. Temos que torcer pelo sucesso do País”, avisou.

O crescimento do mercado foi bastante abalado pelos decréscimo de 30% da arrecadação do seguro DPVAT, como informou o presidente da FenSeg, João Francisco da Costa em seu pronunciamento. Mas ele disse que houve recuperação e que agora o foco será na regulamentação dos produtos de proteção veicular. “Não é pelo valor, mas pelo abalo de credibilidade que estes produtos causam ao setor”.

A presidente da FenaSaúde, Solange Beatriz Mendes, destacou que o mercado de saúde no Brasil apresenta três diferenciais: maior demanda, aumento exponencial dos custos assistenciais e novas tecnologias. “O setor cumpre seu papel de agente social e promotor e gestor da saúde, com mais de 70 milhões de beneficiários. Vamos manter uma visão otimista, de que receitas crescerão mais que despesas”, concluiu.

O ano de 2018 será de retomada de movimento econômico, mas o ingresso de mais pessoas no mercado de trabalho pode ter uma demanda reprimida e pode aumentar o impacto das despesas assistenciais”, disse o presidente da ANS, Leandro Fonseca.

Ele disse que o mercado irá se debruçar sobre a contratação de planos para microempresas e sobre a regulamentação dos reajustes de planos individuais. O maior desafio é o financiamento do serviço de saúde assistencial, que fica cada dia mais caro.

Fonte: Revista Apólice I Kelly Lubiato, do Rio de Janeiro