IRB Brasil Re faz estudos para melhorar oferta de produtos para o segmento de agronegócios

O agronegócios é um segmento da economia que está no radar do presidente do IRB Brasil Re, José Carlos Cardoso. “O IRB busca alternativas para criar novas oportunidades dentro do segmento, desenvolvendo produtos personalizados que explorem novos nichos de mercado, que sejam aderentes às necessidades do produtor e, preferencialmente, com baixo custo operacional”, disse ele. Considerando que somente 16% da área plantada no Brasil tem seguro rural — nos Estados Unidos esse percentual sobre para 96% — ainda há muito espaço para avançar no país.

Veja abaixo os principais trechos da entrevista:

Quais as perspectivas da sua empresa com a venda de seguro para o mundo rural?

A venda do seguro para este segmento já apresenta volume significativo, entretanto, o potencial de crescimento ainda é muito grande, considerando a baixa penetração do seguro e a representatividade do agronegócio no PIB brasileiro. O IRB vê com entusiasmo e grande interesse as perspectivas da indústria e as oportunidades no setor de seguros.

O que já vende hoje para esse público e o que pretende lançar?

Atualmente, oferecemos produtos tradicionais ou combinados com a variação de preço para certas commodities, proporcionando maior proteção para riscos climáticos. O IRB vem estudando novas possibilidades de negócios em segmentos ainda pouco explorados, como os seguros de pastagens e de renda.

Amplamente utilizados no exterior, os seguros paramétricos ainda são incipientes no Brasil, e o IRB vem trabalhando no desenvolvimento de soluções específicas voltadas à realidade de cada setor. Nossa estratégia consiste em entender como pensa o produtor no seu dia a dia, quais são seus riscos e ameaças e, assim, identificar novas oportunidades para nossa empresa.

Em quais carteiras do agronegócio a sua empresa atua?

O IRB atua em todos os segmentos do agronegócio, incluindo seguro para lavouras, florestas, pecuário, máquinas e equipamentos, implementos agrícolas, entre outros.

Qual o perfil deste comprador rural? Que tipo de seguros prioriza?

O perfil varia de acordo com a região. O mercado tem maior penetração na Região Sul e avança para o Centro-Oeste, em menor escala, porém com um enorme potencial. Nesta região está localizada uma fatia significativa dos compradores, formada por grandes produtores e empresas, inclusive com forte presença do capital internacional.

Para se ter uma ideia, hoje, menos de 15% da área plantada e menos de 5% do valor bruto de produção é segurado no Brasil. Atualmente, o IRB tem maior demanda por produtos tradicionais que oferecem proteção para riscos climáticos, combinados ou não com a variação de preço para certas commodities.

Como a tecnologia do campo mudou a oferta de seguro?

A tecnologia está cada vez mais presente na gestão de riscos por parte do produtor, mas ainda é pouco explorada, pois requer investimentos e uma nova forma de conduzir as lavouras. No que se refere ao seguro e resseguro, a tecnologia vem ganhando espaço com a oferta de ferramentas que utilizam a geoespacialização do risco e as geoestatísticas, por exemplo.

Esses recursos tendem a tornar mais assertivas e profissionais as tomadas de decisão, a gestão do portfólio, a análise dos riscos e até o controle de sinistros. É uma longa caminhada a ser seguida. O IRB já utiliza esse tipo de plataforma e possui plenas condições de oferecer melhores serviços aos seus clientes. Podemos citar a importância da tecnologia na apuração remota das perdas no campo utilizando informações de satélites, ou ainda, como o avanço da tecnologia e a precisão das informações de clima e solo, por exemplo, podem auxiliar na precificação dos produtos de renda ou de índice.

O uso de Inteligência Artificial para plantio ajudou a reduzir riscos de perdas? Isso já está refletido no preço?

Esse tipo de tecnologia ainda não é muito utilizada no mercado segurador brasileiro. A agricultura de precisão, por exemplo, não é explorada no Brasil, embora seja mais difundida em outros mercados como o americano. Sob a ótica da gestão de riscos e condução dos negócios, o produtor deixa de gerir o risco “no olho” e passa a incorporar a tecnologia no seu dia a dia. No longo prazo, a tendência é que isso se reflita no preço e na melhoria da sinistralidade.

Há novos produtos para atender as demandas de equipamentos como robôs e drones?

Não houve ainda nenhuma aproximação nesse sentido por parte dos nossos clientes da carteira de agronegócio. No entanto, o IRB avalia constantemente novas possibilidades e acredita na inovação como diferencial competitivo. Caso surja uma demanda com essas características, a empresa está preparada para desenvolver um produto personalizado. É preciso entender a demanda e identificar exatamente os riscos mais comuns no campo para os produtores para, assim, desenhar novos modelos e produtos inovadores, de acordo com a realidade do setor produtivo.

Cite algo que achar interessante ao leitor e não estiver nas questões acima.

Umas das estratégias do IRB é se consolidar como referência em seguro agropecuário na América Latina. E a aproximação com o setor produtivo é o caminho para alcançar essa credencial. Temos olhado atentamente o mercado mundial e os produtos que hoje são comercializados em outros países para fazer adaptações à realidade do agronegócio brasileiro.

O segmento pecuário é um ramo marginal dentro da linha do agronegócio no Brasil e tem foco maior na agricultura e menor no setor de proteína animal (suinocultura, bovinocultura, avicultura, etc.). O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina do mundo e a nossa produção é, basicamente, de pasto.

Temos um mercado em desenvolvimento e com muitas oportunidades. Precisamos trabalhar com produtos de menor despesa operacional, mais atrelados aos índices e indicadores, e menos dependentes do trabalho in loco dos tradicionais reguladores de sinistros. Já possuímos em nosso quadro uma zootecnista para ajudar no desenvolvimento de produtos específicos para o setor e, muito em breve, isso fará diferença para os nossos clientes.

Fonte: Sonho Seguro