Seguradoras mundiais “fecham as portas” para a pesca ilegal

Vinte seguradoras internacionais anunciaram nesta sexta-feira, durante a conferência global “Nosso Oceano”, organizada pela UE em Malta, que retiram o respaldo financeiro à pesca ilegal, não-declarada e não-regulamentada, aderindo a uma iniciativa promovida pela ONU e a organização Oceana.

A declaração demonstra o compromisso de não assegurar navios que figuram em listas negras pela participação na pesca ilegal, oficialmente conhecida como “pesca ilegal, não-declarada e não-regulamentada” (IUU, pela sigla em inglês).

Entre as seguradoras mundiais já comprometidas destacam-se a Allianz AGCS, AXA, Generali, Hanseatic Underwriters e The Shipowner’s Club.

A pesca ilegal constitui um dos problemas ambientais mais graves que ameaçam os oceanos, sendo responsável por ter levado à borda da extinção espécies comerciais e não-comerciais, assim como destruir habitats e ecossistemas marinhos.

Um artigo científico recentemente publicado na revista “Plos One” concluiu que a cada ano são pescadas ilegalmente entre 11 e 26 milhões de toneladas de peixe, com um valor entre US$ 10 e 23,5 bilhões.

Este negócio fora da lei expõe as seguradoras a riscos financeiros, legais e de imagem e prejudica os pescadores que cumprem com as normas. “As oportunidades pesqueiras se reduzem por conta dos navios piratas”, disse à Agência Efe María José Cornax, diretora de Estratégia Política da Oceana Europa.

“Quem participa deste negócio ultrapassa as normas de gestão pesqueira e opera fora do alcance do controle governamental”, detalhou.

“Vivemos no Planeta Azul e é uma tragédia que para muitas pessoas a pesca ilegal, a contaminação marinha e a morte dos recifes de coral sejam algo alheio”, disse à Agência Efe Butch Bacani, que dirige a Iniciativa de Seguros Meio Ambientais da ONU (PSI).

Com este compromisso, as seguradoras “demonstram visão de futuro e liderança, e estimulam as práticas corporativas responsáveis e sustentáveis e a saúde dos oceanos”, acrescentou.

“A pesca IUU contribui para a sobre pesca e tem implicações para todos nós. Deixa sem trabalho pescadores honrados e introduz no mercado peixes capturados ilegalmente”, indicou à Agência Efe Lasse Gustavsson, diretor da Oceana na Europa.

Gustavsson solicitou ao resto de seguradoras, corretoras e agentes que se unam a esta iniciativa e “demonstrem responsabilidade corporativa e liderança sustentável”.

Por sua vez, Jad Ariss, porta-voz de Responsabilidade Corporativa da AXA, ressaltou no plenário da conferência que “a pesca ilegal é diretamente responsável pela sobre exploração dos recursos pesqueiros e da contaminação marinha, já que os navios envolvidos costumam ser encontrados em péssimo estado”.

Como gerentes de riscos, as seguradoras possuem um grande potencial para abordar a pesca ilegal já que assessoram seus clientes, o que pode reduzir riscos, evitar perdas e melhorar as práticas do setor pesqueiro para contribuir na conservação da saúde dos oceanos.

O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 14 da ONU, intitulado “Oceanos saudáveis” fala de “conservar e utilizar de forma sustentável os oceanos, os mares e os recursos marítimos para o desenvolvimento sustentável”.

Fonte: Jornal Floripa