Lucros das seguradoras mais do que duplicam no primeiro semestre

Leonardo Mathias, o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, e José Figueiredo Almaça, da Autoridade de Supervisão dos Seguros.

Seguradoras “poupam” mais de dois mil milhões nos custos com sinistros no primeiro semestre, graças a diminuição de 36,6% nos resgates do ramo vida.

As seguradoras sob alçada da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) mais do que duplicaram os lucros em apenas seis meses.

Segundo comunicado da ASF, entre janeiro e junho deste ano, as empresas de seguros lucraram 210 milhões de euros, valor 112% acima dos 99 milhões registrados no mesmo período de 2016.

“No final do primeiro semestre de 2017, os resultados líquidos das empresas de seguros sob supervisão prudencial da ASF foram de cerca de 210 milhões de euros”, refere o comunicado.

Esta subida dos lucros surgiu apesar de este ano até existirem menos seguradoras supervisionadas pela ASF que em 2016. No primeiro semestre do ano passado, contavam-se 46 empresas de seguros, das quais 34 apresentaram resultados positivos. Já este ano, em 43 seguradoras, 35 registraram lucros.

Além da subida nos lucros, as seguradoras reforçaram de forma igualmente significativa o rácio de cobertura prudencial – Requisito de Capital de Solvência -, que em junho atingia os 182%, contra os 122% no mesmo mês de 2016, e os 155% de dezembro último.

Já em termos da evolução do negócio, a ASF nota que no primeiro semestre a produção de seguro direto subiu apenas 0,6%, um crescimento muito alimentado pelo ramo não-vida, que cresceu 8,3% em termos desagregados.

Esta subida permitiu compensar a quebra no ramo vida, que caiu cerca de 4%. Apesar da parca evolução da produção, certo é que esta compara positivamente com o registro do ano anterior.

A produção de seguro direto em Portugal caiu perto de 22% de junho de 2015 para junho de 2016, de 6,49 mil milhões de euros para 5,075 mil milhões, tendo agora recuperado ligeiramente (os tais 0,6%) para 5,1 mil milhões.

A relação entre a subida expressiva do ramo não-vida e a queda do ramo vida acabou por fazer oscilar igualmente a composição normal das carteiras das seguradoras, reflete a ASF no comunicado.

“Assim, a estrutura da carteira apresentou uma composição um pouco diferente da observada em junho de 2016, com os ramos Não Vida a aumentarem o seu peso na carteira de 37,7% para 40,6%.” Em queda estiveram os custos com sinistros que as seguradoras se viram na contingência de financiar no semestre, que recuaram mais de 30%, de mais de 6,5 mil milhões para 4,49 mil milhões de euros. Esta queda verificou-se apenas no ramo vida, pois no ramo não vida os custos até subiram ligeiramente. “Os custos com sinistros de seguro direto do ramo Vida diminuíram 40,5% face a 2016.

Esta evolução é, em grande parte, explicada pelo comportamento dos resgates que apresentaram uma diminuição de 36,6% face ao semestre homólogo, tendo representado cerca de 59% dos custos com sinistros do período em análise”, detalha a ASF.

Fonte: Dinheiro Vivo