Segurança para caminhar

Nesse 08 de agosto, quando se comemora o Dia do Pedestre, precisamos refletir porque estamos caminhando menos.

Ildo Mário Szinvelski, diretor-geral do Detran/RS

O dr. Drauzio Varella contou recentemente em uma entrevista na TV que quando se formou nos anos 60, lidando com esquistossomose e doença de Chagas, nunca imaginou que a medida mais importante de saúde pública no século XXI seria caminhar. Não era possível prever, naquela época, que as duas maiores epidemias do mundo moderno seriam a diabetes e a hipertensão, doenças preveníveis e tratáveis com mudanças no estilo de vida.

Nesse 08 de agosto, quando se comemora o Dia do Pedestre, precisamos refletir porque estamos caminhando menos e estamos adoecendo por isso. Nem estou falando do caminhar atlético, aquele que se pratica com tênis especial em parques e calçadões, mas daquele caminhar para o trabalho, para o mercado, para os deslocamentos normais que precisamos fazer diariamente.

Precisamos mesmo ir de carro para o trabalho? Precisamos mesmo de condução para fazer aquele trajeto curto até a padaria? Precisamos mesmo de motores para todos os nossos deslocamentos? Precisamos disso, mesmo que o preço seja alto demais para nós e para a sociedade? É preciso pensar o uso de veículos motorizados com mais sabedoria, para o bem da nossa saúde, da mobilidade na nossa cidade e do meio ambiente.

Os benefícios do chamado deslocamento ativo (a pé, de bicicleta) se estendem para além da saúde física. Passam por saúde mental, qualidade de vida, sociabilidade e uma relação mais próxima com a própria cidade, que favorece a sensação de pertencimento.  Andar a pé também significa ocupar as ruas da cidade, o que pode, inclusive, coibir a violência.

Um dos obstáculos para sermos um povo mais caminhante certamente é a infraestrutura. Além de desconfortável – calçadas ruins, tempos curtos de semáforo, falta de recursos de acessibilidade – caminhar nas nossas cidades é, muitas vezes, perigoso.  Além da violência, os pedestres estão entre os mais vulneráveis a acidentes de trânsito. Eles são cerca de 20% do total das vítimas. No Rio Grande do Sul, foram mais de 4,2 mil pedestres mortos nos últimos dez anos.

A solução – como sempre –  é de mão dupla. Enquanto nós, individualmente, precisamos refletir sobre nossas formas de deslocamento, o poder público precisa oferecer melhores condições de segurança e conforto para caminhar.

Fonte: Detran RS