Seguradoras projetam 2018 mais robusto, diz economista do CPES

Duas perguntas para Lauro Faria, Economista do CPES (Centro de Pesquisa e Economia do Seguro), da Escola Nacional de Seguros:

O que impactou o mercado de seguros, resseguros e capitalização em 2017?

Lauro Faria: Estamos em meados de 2017 e até o momento houve crescimento moderado da arrecadação de prêmios e contribuições, no mesmo compasso do que se passa no resto da economia.

Nada indica que o quadro atual vá mudar até o fim do ano. Assim, segundo os dados divulgados pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), a arrecadação total do mercado cresceu 7% entre janeiro e maio de 2017 sobre o mesmo período de 2016.

Os prêmios diretos dos planos de risco de coberturas de pessoas aumentaram 11% com destaques para os ramos prestamista (22%) e viagem (56%). A arrecadação de planos de acumulação teve crescimento positivo, de 13,5%. Nos ramos elementares, sem contar o DPVAT, os prêmios subiram 9,1%.

Alguns dados setoriais influenciaram positivamente determinados ramos como, por exemplo, a recuperação das vendas no varejo de veículos, motos, partes e peças e a redução dos juros e a melhora do crédito. Esses fatos impactaram os seguros de automóveis cujos prêmios tiveram expansão, de 5,5%, e os seguros prestamistas e de linhas financeiras, com expansões de 24% e 30%, respectivamente.

Por outro lado, os números de captação bruta de janeiro a maio de 2017 de títulos de capitalização ainda mostram taxas negativas (-3,9%) contra igual período de 2016, reflexo do desemprego elevado que desestimula a manutenção das aplicações.

O que deve impactar o referido mercado em 2018?

Lauro Faria: O cenário básico para 2018 com que trabalham as empresas é de crescimento mais robusto (mas nada espetacular) com inflação baixa e continuação do processo de queda das taxas de juros, logo, melhora do crédito. Isto ajuda muito o mercado de seguros. Entretanto, 2018 é ano eleitoral e, dada a confusão política reinante, com alto potencial de instabilidade.

Assim, cautelosamente, pode-se dizer que o mercado tende a ter crescimento de arrecadação positivo, possivelmente com recuperação de margens de lucro e de emprego, tanto pelos avanços macroeconômicos que devem persistir e por desenvolvimentos que lhes são internos como, por exemplo, comercialização de novos produtos (seguro de automóvel popular e seguro de vida universal), criação de novas coberturas de produtos existentes, crescimento do mercado de resseguro e aprimoramento de práticas comerciais e de relacionamento com clientes via mobilidade digital.