Saiba usar o seguro como um recurso de proteção de renda

Especialistas apontam produtos que podem garantir maior tranquilidade financeira.

Para boa parte da população brasileira, há uma linguagem tão indecifrável quanto os ideogramas japoneses: o economês.

Mas, quando o assunto é seguro, saber mais sobre os diferentes tipos de cobertura oferecidos pode ser uma saída para garantir maior tranquilidade a sua vida financeira – e não precisa de intérprete nem de tradução.

Para muito além dos já manjados seguro de carro e de casa, os seguros de pessoas (de vida, viagem, educacional etc.) podem ser acionados numa hora de aperto. E essa garantia, não significa um peso muito maior nas contas do mês: os valores costumam variar entre 1% e 3% da mensalidade da escola ou da prestação do eletrodoméstico, por exemplo.

— As pessoas conseguem destinar uma parte bem pequena de sua renda para adquirir esses tipos de seguros. Mas é importante lembrar que esse dinheiro não é um investimento, é um gasto, e deve ser assimilado como tal pelas famílias. É uma reserva de prudência para um evento inesperado — explicou o economista Denis Ferreira, autor do livro “Previdência sem segredos”.

Recentemente, o aumento do desemprego, a recessão e o receio de inadimplência por parte de diferentes instituições têm contribuído para um aumento da procura por esses tipos de serviços. Segundo Ferreira, o mercado de seguros teve um crescimento médio na casa dos 10% nos últimos cinco anos (2011-2016), impulsionado principalmente pelo triênio de 2014 a 2016, principais anos da crise brasileira.

— Com o receio por parte da população em perder sua principal fonte de renda, muitas famílias têm contratado seguros de vida, de desemprego, como plano de contingência a um possível cenário de perda total ou parcial da renda — disse Ferreira.

Um dos seguros que mais cresceu foi o educacional, que garante a continuidade do estudo, do maternal a cursos de pós-graduação, em caso de desemprego, invalidez ou morte do responsável ou do próprio aluno. Dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi) mostram que esse seguro teve prêmios (receita) de R$ 11,84 milhões no período de janeiro a março de 2017 – um salto de 53,96% em relação a igual período do ano passado.

— As pessoas pensam em seguro, e acham que todos vão ter taxas mais altas como o de automóveis. Isso acontece porque o risco dos automóveis é muito maior. Mas as taxas da maioria dos seguros pessoais, como o educacional, variam de 1% a 3%. Se você paga R$ 1 mil de mensalidade, vai pagar no máximo, cerca de R$ 30 mensais para obter o seguro — explicou José Antônio Varanda, coordenador da Graduação Tecnólogo em Gestão de Seguros da Escola Nacional de Seguros.

Outro exemplo que ilustra essa maior procura é o de perda de renda. A cobertura contratada usualmente por trabalhadores autônomos, garante o pagamento de proventos em caso de necessidade de interrupção de sua atividade econômica por acidente ou doença.

A indenização pode ser parcial ou integral, tem um custo em torno de 3%. Assim, se um trabalhador que ganha R$ 5 mil assina um contrato para receber seu salário integral, irá pagar R$ 150 mensais para obter o benefício, por um período que pode variar de seis meses a um ano.

Em geral, no caso de quem tem carteira assinada, para ter direito a essa cobertura é preciso que o segurado respeite alguns critérios como tempo mínimo de anotação em carteira, em geral, de três anos, tempo mínimo no último emprego de um ano, e motivos de demissão. Esses critérios, contudo, podem variar de contrato para contrato e de seguradora para seguradora.

Outra dica dos especialistas é ficar atento à renovação dos contratos e a revisão dos valores de cobertura, que impactam diretamente no custo mensal. Ao ter filhos, por exemplo, é preciso aumentar o valor segurado na apólice, pensando nos custos extras da família. Por outro lado, depois que os filhos saem de casa, também é importante rever os termos do acordo, para reduzir o valor, afinal se tem um número menor de pessoas dependentes da sua renda.

Entenda como funciona cada seguro

Seguro de vida: A principal cobertura é a para morte natural ou acidental. Ela é obrigatória, e pagará ao beneficiário o capital segurado (indenização) definido na apólice. A estrutura do seguro de vida pode distinguir as coberturas entre básicas e adicionais, sendo que o seguro deve conter pelo menos uma das coberturas básicas (natural ou acidental).

Seguro prestamista: Associado principalmente ao mercado de varejo, garante a quitação de uma dívida, em caso de morte, invalidez ou desemprego involuntário. Com uma taxa que varia de 1% a 3%, de acordo com a idade, geralmente, o contrato é feito por adesão em lojas do varejo, mas serve também para empréstimos, cheque especial, cartão de crédito, consórcios etc.

Seguro educacional: A taxas de 1% a 3%, o seguro educacional é geralmente feito pelas próprias instituições de ensino (universidades ou escolas), que fecham contratos com as seguradoras. Assim, a proteção já está incluída no contrato estudantil, como um plano único. A contratação de seguro individual é possível, mas nem todas as empresas oferecem o produto.

Seguro desemprego ou perda de renda: A cobertura de desemprego e/ou perda de renda pode ser contratada em conjunto ou separadamente com outras coberturas, por desemprego, doença ou acidente. Para ter direito a essa cobertura é preciso tempo mínimo de carteira assinada, tempo mínimo no último emprego e motivos de demissão, sendo que esses critérios podem variar.

Seguro funeral: Garante o reembolso dos gastos referentes ao funeral, em caso de morte do segurado. É livre a escolha dos prestadores do serviço de funeral. Conforme as condições contratuais, o reembolso poderá ser feito a determinada pessoa ou a quem assumiu o custo, até o limite do capital segurado estabelecido na apólice.

Fonte: O Globo