Sindicato realiza workshop sobre Previdência Privada

Poupar e guardar para o futuro não faz parte da realidade de muitos brasileiros. Apenas 17% da população brasileira possuem previdência privada. Esses foram alguns dos pontos colocados durante o Workshop Previdência Privada como ferramenta de planejamento financeiro, realizado na terça-feira (09), na sede do Sindicato das Seguradoras do RS (SINDSEGRS), uma iniciativa conjunta da Entidade e da AIDA Brasil, com apoio da Comissão Especial de Seguros e Previdência Complementar da OAB-RS, como parte integrante da programação da 4ª Semana de Educação Financeira. Para o Presidente do Sindicato, Guacir Bueno, os brasileiros têm uma cultura muito imediatista e não fazem planejamento de longo prazo, o que torna ainda mais importante se falar sobre o assunto. “Ainda que previdência seja um tema em moda atualmente em virtude das reformas propostas pelo Governo, muitos ainda desconhecem o funcionamento da modalidade complementar, que ajuda a garantir renda quando deixamos o mercado de trabalho”, afirmou.

De acordo com o membro do Conselho Deliberativo do OABPrev-RS, Ricardo Ehrensperger Ramos, palestrante do evento, uma previdência pode ajudar a fazer a escolha de poupar no momento, para ter depois. “Isto ainda é algo fora de moda na sociedade consumista que vivemos. Se analisarmos a etimologia de prosperar, veremos que quer dizer não ser imediatista”, salienta. Um dos desafios enfrentados por quem trabalha com este produto é conhecer o regime geral. “Atualmente já estamos fora da curva de gastos com previdência se compararmos com outros países. Temos uma população não tão idosa, mas gastos elevados, o que só faria sentido se tivéssemos uma população mais velha”, destaca.

Ramos também apontou que um momento de crise econômica e política como o que vivemos é favorável para quem tem dinheiro. “Neste momento de muitas incertezas os juros estão mais elevados, o que aumenta a rentabilidade. Investir é sempre uma boa opção para quem tem visão de longo prazo e se preocupa com como vai viver quando deixar de ser economicamente ativo”, explica. Porém, para quem busca na previdência privada um investimento o advogado faz um alerta: “ela não é investimento, há outras modalidades com mais rentabilidade. Ela é uma garantia de que se todos os outros investimentos derem errado a previdência estará lá”. Para exemplificar, Ramos comentou uma decisão de um juiz do STJ que decretou a mesma impenhorável.

O Membro Titular das Comissões Nacionais de assuntos Técnico-Atuariais da CNSeg – Confederação Nacional das Seguradoras e da FENAPREVI – Federação Nacional de Previdência, Carlos Henrique Radanovitsck, ressaltou ainda que mesmo que exista um regime previdenciário geral, as pessoas não tem poder sobre ele, pois as regras podem ser alteradas com o passar dos anos, o que pode afetar a previsão de renda. “Entre as coisas que eu posso prever um pouco mais em relação a previdência privada estão quanto tempo mais quero trabalhar, e a renda que quero ter ao me aposentar. É possível calcular estimativas e com um pouco mais de precisão quando opto pelo privado”, disse.

Para Radanovitsck, a falta de educação financeira desde a infância e a adolescência são os principais fatores que levam a falta de planejamento financeiro. “Não estamos falando de ser sovina, mas de trabalhar a questão de consumir conscientemente desde a adolescência, pois é preciso consumir e fazer a economia se movimentar, mas educar para o futuro é necessário. Até algumas pessoas mais velhas não se dão conta que o tempo de acumulação é importante. Deveria estar entre os nossos gastos fixos, não importando a renda”, afirmou. Para ele, não é preciso ter uma condição financeira mais estável para ter uma previdência privada. Qualquer montante que possa ser recolhido mensalmente já ajuda, mas é sempre bom levar em consideração quantos anos mais a pessoa quer trabalhar e quanto precisa de renda mensal para se manter. “Precisamos ter educação financeira como matéria escolar, pois assim teremos mais equilíbrio e usaremos nossos recursos da melhor maneira”, concluiu.