Reformas de base garantem manutenção do risco político no Brasil

Pela primeira vez desde 2014, o mercado financeiro internacional prevê crescimento nas economias da América Latina. Com melhorias nas políticas fiscais e regulatórias, Brasil e Argentina, que juntos são responsáveis por cerca de 50% da atividade econômica da região, devem liderar a recuperação.

A análise é do Mapa de Risco Político e Terrorismo 2017, da consultoria em gestão de riscos e corretora de seguros Aon. Segundo o estudo, embora os riscos políticos ainda existam, os esforços para realizar reformas de base aumentaram a resiliência desses países.

Por isso, o Brasil conseguiu fazer a manutenção de sua exposição ao risco político, que permanece na categoria “moderado”, assim como no levantamento do ano passado.

“Na América Latina, em 2016, o centro-direita dominou a cena política com a eleição do novo Congresso na Venezuela, do presidente Macri na Argentina, a derrota do presidente Evo Morales na Bolívia e a posse do presidente Michel Temer no Brasil”, comenta Keith Martin, consultor de Comércio e Investimentos Internacionais da corretora.

De acordo com o executivo, se as reformas necessárias forem implementadas, mais oportunidades deverão ser criadas para os investidores estrangeiros no médio prazo. No entanto, as incertezas estão no curto prazo.

“O Brasil e a Argentina são fortes, mas enfrentam resistência política contra as reformas pró-mercado.  As eleições legislativas na Argentina em 2017 e as eleições presidenciais no Brasil em 2018 vão definir os rumos dessas mudanças”, explica Martin.

Apesar de novos escândalos de corrupção continuarem a envolver nomes de políticos e empresários, as instituições nacionais – o Congresso, a Justiça e o Governo – permanecem operando normalmente. Embora os ajustes estejam longe de terminar, os governos demonstram compromisso de realizar as mudanças propostas.

“Uma melhor situação monetária e fiscal entre os países líderes locais e um forte compromisso regional com as reformas de base da economia sugerem que há oportunidades comerciais para os investidores”, defende o relatório.

Outros países: Mesmo com os Estados Unidos se fechando em políticas nacionalistas e protecionistas, isso não deve afetar o Brasil. “Os países mais ameaçados estão na América Central.

O México, por exemplo, vai sofrer se o presidente Donald Trump cumprir suas promessas e fizer alterações nos tratados comerciais – NAFTA e CAFTA”, diz Keith Martin. “Graças à sua grande economia doméstica e demanda interna, o Brasil é mais resistente a essas oscilações”, complementa.

Ainda de acordo com o estudo, se as principais economias do mundo – especialmente Estados Unidos e China – tiverem um crescimento abaixo do esperado, haverá impacto no preço das commodities, o que provavelmente pesará no balanço comercial de grandes exportadores, como Chile, Venezuela, Peru, Colômbia, México e Argentina. A estabilização esperada nos preços do petróleo e do gás aliviará, mas não eliminará algumas pressões econômicas para os países produtores.

Fonte: Revista Apólice