Economia dá sinais de melhora, mas reforma da previdência é imperativa, diz Alexandre Schwartsman

O economista apontou ainda, para uma plateia de 500 participantes, os impactos dos riscos externos na recuperação da economia.

As notícias dadas pelos economistas em 2017 são melhores do que aquelas que se dariam um ou dois anos antes. A começar do comportamento dos juros básicos e da inflação, cujo ciclo de baixa- a Selic pode fechar em 8,5% no melhor dos cenários e o IPCA abaixo do centro da meta- favorece uma gradual retomada de consumo, ajudando o País a fechar o ano com seu PIB na trajetória positiva.

Embora não seja uma taxa de crescimento expressiva- na mediana será de meio ponto percentual no ano- na margem por trimestre poderá alcançar algo entre 2,5% e 3% a cada período de três meses.

Mas diversas outras variáveis- além de juros e inflação- deverão se comportar positivamente para restaurar a saúde da economia brasileira, incluindo-se a aprovação das reformas estruturantes, como a da Previdência Social e a Trabalhista.

Fugir de toda tentação populista, como aquelas que serão reapresentadas em 2018, será fundamental para estabilizar a dívida pública até 2030, e sonhar em recuperar o selo de grau de investimento das agências de risco até lá.

Grosso modo, foi esta a mensagem apresentada pelo economista Alexandre Schwartsman, em palestra apresentada nesta quarta-feira, 5, no 6° Encontro de Resseguro, realizado na cidade do Rio de Janeiro. Ele foi autor da palestra “Perspectivas para a Economia no Brasil”, que teve participação dos economistas Claudio Contador, da Escola Nacional de Seguros, e Andrea Keenan, da A.M. Best.

O economista apontou a política fiscal frouxa do governo petista como a principal responsável por uma das piores recessões do País nas últimas décadas, responsável direta da trajetória inquietante da dívida pública.

“Se o problema é fiscal, a única coisa a fazer é adotar medidas para combatê-lo”, disse o especialista, lembrando que o avanço da dívida afetou o ambiente de negócios, com aumento de juros, piora da nota de risco e desvalorização da moeda brasileira.

Ele alertou ainda sobre os riscos externos e os impactos para a recuperação do crescimento duradouro da economia brasileira.

Destacou que o Brasil, dependendo do ritmo de afrouxamento da política fiscal americana e aumento dos investimentos em infraestrutura, poderá conviver com um dólar comercial mais alto.

Também a Europa e os sinais nacionalistas de diversos países, como França e Alemanha, com eleições programadas para este ano, deverão ser acompanhados, sobretudo pelos impactos ao comércio global.

Mas o cenário doméstico é prioritário. Sem a reforma da Previdência, o País não conseguirá crescimento sustentável, porque destinará cada vez mais recursos ao pagamento de aposentadorias, reduzindo drasticamente sua capacidade de promover investimentos em áreas estratégicas, como infraestrutura e educação. E se a aprovação demorar logo os benefícios da lei que fixa teto dos gastos públicos estarão anulados, provocando nova deteriorização dos fundamentos econômicos.

Fonte: CNseg