Gamificação: uma nova realidade para o mercado de seguros

O tema foi debatido durante o Café com Seguro, realizado pela ANSP – Academia Nacional de Seguros e Previdência, em conjunto com o SINDSEGRS, no auditório da Funenseg, na manhã desta terça-feira (28). Na ocasião, o presidente Guacir Bueno, agraciou o Presidente da ANSP, Sr. Mauro César Batista, com uma placa de reconhecimento e agradecimento por seus serviços prestados à frente da entidade nos últimos 15 anos.

Em um mundo cada vez mais conectado, dinâmico e imediatista, novas tecnologias vêm sendo aplicadas até mesmo em áreas muito tradicionais. É o caso do mercado segurador. Miguel Junqueira Pereira, figura marcante quando se fala em seguros no Estado e até mesmo fora dele, já defendia há alguns anos que as novas tecnologias “devem patrolar tudo o que fazemos e conhecemos”. Uma das ferramentas que lá fora já é usada e que deve ganhar mais espaço no Brasil é a Gamificação. O conceito por trás deste nome é usar estratégias e dinâmicas de jogos para engajar pessoas na busca de soluções de problemas, porém fora do contexto de jogo.

Para o Acadêmico e Diretor para Região Sul da ANSP, Sérgio Rangel, a forma como são colocadas situações afeta a maneira como as pessoas tomam decisões. “Os jogos nos fascinam há muito tempo, desde o Egito. Temos que pensar que pequenas intervenções mudam o comportamento das pessoas e que podemos ajudá-las a tomar as melhores decisões para si”, destaca Rangel. Levando isto para o campo do seguro, é possível incentivar as pessoas a adotarem hábitos de vida mais saudáveis utilizando-se de algumas estratégias, o que resultaria em menos sinistralidades e consequentemente menor preço do prêmio. “O foco da gamificação é ajudar na jornada. O cliente se torna mitigante do risco”, ressalta.

Nos Estados Unidos, algumas iniciativas já estão sendo feitas neste sentido. Há empresas que oferecem aos clientes uma pulseira que monitora atividades físicas e hábitos de saúde e que, ao final de um período, premia o usuário que conseguiu atingir metas pré-estabelecidas. “Algumas empresas devolvem parte do valor da apólice aos clientes que batem as metas. Temos que analisar como estas mudanças dos modelos de negócios vão afetar o mercado de seguros”, afirma o Mestre em Engenharia de Software pela “Universityof Liverpool” e Atuário pela UFRGS, Professor da FUNENSEG e Consultor da Mirador Atuarial, Fabrízio Krapf.

Krapf aponta que esta mudança nos modelos de negócio não se dá apenas no ramo da saúde, e grandes empresas como Facebook, Airbnb, Uber e Alibaba são exemplos em outros campos de atuação. “Hoje temos grandes empresas investindo em carros autônomos e muitas montadoras tradicionais já possuem diversas patentes registradas. Temos, atualmente, 27 empresas testando seus carros no Vale do Silício e o Uber já faz testes com veículos sem motoristas. O futuro chega muito rápido”, assegura.

Rangel destacou ainda que com o acesso aos hábitos de cada pessoa, será possível oferecer produtos mais personalizados e que se adaptem melhor a realidade de cada um. “Com o mercado mais maduro teremos variáveis novas à disposição que vão facilitar e possibilitar a oferta de tarifas de acordo com o estilo de vida de cada um. Estes modelos ajudarão a reduzir os riscos dos clientes”, afirma. Krapf aponta que será possível utilizar dados como trajeto percorrido, cuidado ao volante, horário de uso do veículo e até mesmo a frequência de uso para oferecer um seguro baseado na utilização e não como é hoje, que leva em consideração alguns fatores como sexo, idade, local de residência, etc. “Nos EUA temos um aplicativo que você instala no telefone e circula alguns quilômetros com ele em funcionamento para que a seguradora possa conhecer seus hábitos de uso e calcular uma tarifa específica para você”, assegura. O uso destes modelos esbarra, contudo, em questões de privacidade e de coleta de dados, um dos grandes dilemas da sociedade digital atual. O debate foi intenso após as apresentações, e instigou muito os mais de 80 participantes do evento.