Perfil e endereço fazem seguro custar até metade do preço do carro

Idade, sexo, estado civil, cidade, ter garagem ou não… Tudo interfere na cotação
A contratação de um seguro para automóvel no Brasil funciona como um “catadão” de critérios estatísticos. Se, há alguns anos, apenas tipo e preço do modelo importavam na hora de chegar ao valor da apólice, hoje cada detalhe da vida particular do cliente interfere na cotação.
Por meio dos chamados “questionários de análise de risco”, as seguradoras usam idade, sexo, estado civil, cidade, bairro e várias outras informações para dizer o quanto determinada pessoa deve pagar pelo serviço. “Os valores estão cada vez mais personalizados. O objetivo é não onerar, nem afugentar quem oferece menos riscos de gerar sinistros”, justifica Neival Freitas, diretor-executivo da FenSeg (Federação Nacional de Seguros).
UOL Carros conversou com especialistas da área e listou cinco situações que geram bons descontos no preço final da apólice. Também apontamos outras cinco hipóteses que podem fazer o seguro custar quase metade do valor do seu carro. Usamos como critério inicial o perfil de um homem de 27 anos, morador de São Paulo (SP), solteiro, formado e com emprego fixo.
A cotação cai quando…
Mais cuidadosas, mulheres pagam sempre mais barato pelo seguro; problema é quando ela é jovem e acabou de tirar a CNH: aí o valor sobe
1. O contratante já é cliente e não possui histórico de sinistros:
Quanto mais tempo se é cliente da mesma empresa, maior será o desconto para a próxima renovação. Isso, claro, se o dono do veículo não acionar o seguro nesse período. É a chamada “classe de bônus”. “Cada ano extra com bom histórico representa um ponto a mais na classe de bônus”, explica Maurício Alexandre, diretor de marketing da Bidu, empresa especializada em cotações online.
Claro, há um limite na pontuação de cada seguradora, geralmente entre oito e dez pontos, o que leva a descontos máximos de 50%.
2. O condutor é mais experiente e estudado:
Quem já passou dos 25, possui CNH (Carteira Nacional de Habilitação) há mais de cinco anos, é formado e tem emprego fixo pode pagar até 35% menos em um seguro. “Quem faz faculdade tem mais propensão a sair à noite para festas. Já quem trabalha costuma ser mais caseiro”, alega Neival Freitas, diretor da FenSeg.
3. O motorista possui garagem e alarme:
Saber que a unidade segurada terá onde “dormir” também rende um bom abatimento no preço final da apólice (a diferença chegou a R$ 2.700 nas cotações mais caras do Gol Trendline 1.0 2015). O motivo é óbvio: carro que fica sempre na rua tem mais chances de ser roubado.
Ter garagem na residência faz diferença na hora de calcular o preço do seguro: companhias não gostam de carros que dormem na rua
4. O modelo está fora da “lista negra” de mais roubados:
As marcas mais vendidas do Brasil, Fiat, GM, Volkswagen e Ford, geralmente oferecem peças de reposição mais baratas e em maior quantidade na hora de consertar um veículo. Isso conta a favor na hora de cotar um seguro. Entretanto, modelos dessas montadoras também tendem a ser os mais visados por bandidos.
Nessa balança, o risco de furto/roubo pesa mais e, enquanto a cotação mínima do já mencionado Gol Trendline 1.0 2015, de R$ 35.000, ficou em R$ 3.600, um Toyota Corolla 2.0 Altis, de R$ 96.330, teve o título orçado em R$ 3.400.
5. O condutor é mulher e casada:
A cotação mais baixo para segurar um Volkswagen Gol Trendline 1.0 2015 4-portas (R$ 35.000) ficou em R$ 3.600, por nosso perfil inicial. Mas se a simulação for para uma mulher, de mesma idade e nas mesmas condições, o piso cai para R$ 2.900.
“Além de serem mais cuidadosas, as mulheres andam em velocidades menores e, mesmo quando batem, não geram danos”, compara Freitas.
A cotação sobe quando…
1. A região é considerada “de risco”:
Quando a simulação para o Gol Trendline 1.0 2015 se referia a um morador de Pinheiros, bairro com bons indicadores na Zona Oeste de São Paulo, o preço máximo cotado foi de R$ 5.100. Bastou mudar o CEP para Guaianases, no extremo leste da capital, para o teto atingir absurdos R$ 17.400, variação de 340% que equivale a quase metade do valor do automóvel.
“As área de risco são determinadas pelas estatísticas de roubo e também por fatores como enchentes e quedas de árvore. Algumas seguradoras elevam o orçamento exageradamente para algumas delas de propósito, porque não querem trabalhar ali”, alerta o diretor-executivo da FenSeg.
Seguradores estudam até as chances de seu carro ser atingido por uma árvore
2. O motorista é recém-habilitado:
Se você é um jovem de 18, que acabou de tirar a CNH, e ganhou um carro de presente do pai porque passou no vestibular, prepare-se: vai pagar pelo menos 15% a mais pelo seguro. “Pessoas mais jovens e sem experiência correm mais riscos de se envolver em acidentes”, ressalta Maurício Alexandre, do site de cotações online Bidu.
3. O carro foi blindado:
É verdade que um carro blindado é mais difícil de ser violado. Por outro lado, o procedimento aumenta bastante o seu preço, além de tornar os reparos bem mais complicados. Resultado: enquanto o Volkswagen CrossFox 2014 comum (R$ 43.500) pode ser segurado por R$ 3.500, um mesmo modelo blindado vai cobrar R$ 7.300.
Atenção: além da diferença de preço, o processo é mais burocrático: o dono precisa apresentar a documentação da blindagem, e o veículo terá de passar por vistoria na seguradora.
4. O modelo é esportivo:
“Quem compra um carro esportivo é visto como alguém que gosta de andar com mais emoção, consequentemente correndo mais riscos”, aponta o diretor-executivo da FenSeg, Neival Freitas. Isso explica por que a simulação de um Honda CR-V EXL 2.0 2WD (R$ 110.900) variou de R$ 5.600 a R$ 14.500 em nossa pesquisa, ao passo que a de um Volkswagen Golf GTI (R$ 108.500) oscilou entre R$ 6.700 e impressionantes R$ 59.000.
Modelos esportivos deixam seguradoras desconfiadas e fazem cotação subir
5. O contratante mora em cidade grande:
Contratar seguro para um Gol Trendline 1.0 2015 em São Paulo, nas condições já mencionadas, não sai por menos de R$ 3.600. Já um morador solteiro e com 27 anos de Cerro Corá, cidadezinha de 6 mil habitantes no RN, pode fechar o mesmo negócio por R$1.900. “Metrópoles tendem a ser mais violentas e inseguras, elevando o fator de risco”, resume Freitas.
Fonte: Uol