Como explicar o “Segurês” de maneira criativa para o seu cliente

 

Risco, sinistro, prêmio, indenização, mutualidade…..são palavras muito comuns para os Corretores de Seguros. Todo segmento tem o seu vocabulário próprio. Pense na área jurídica ou tributária. Será que linguagem do setor de Seguros é muito técnica?

É um mundo à parte. É consenso que o setor de Seguros usa um vocabulário de difícil compreensão para a população em geral. Em Comunicação aprende-se que a mensagem só é concretizada quando o receptor recebe, decodifica e a entende. Se isso não acontece, existe um ruído. A mensagem não atingiu seu objetivo. Apesar de ser um pouco desprezada em alguns setores, a comunicação é fundamental. Ela está presente em todo o instante.

Para a advogada Angélica Carlini, especialista em Seguros, o setor precisa melhorar muito a comunicação com os consumidores, em especial na publicidade e nas apólices. Se isso não acontecer, a incredulidade com o Seguro permanecerá. “Continuaremos tendo um consumidor desconfiado que acha que está contratando alguma coisa que não é confiável”, diz.

A linguagem é hermética até para Corretores e funcionários de seguradoras em início de carreira. Existe a clássica “piada” com o novato. “Vá pegar o envelope redondo para colocar a circular da Susep”. Maldade….

Para os consumidores, muitas vezes a linguagem é simplesmente inacessível. “Estamos muito atrasados nesse aspecto porque o Código de Defesa do Consumidor desde 1990 já determina que o dever de informar é do fornecedor de serviços ou de produtos, e que o consumidor tem direito a informação clara, precisa e de fácil compreensão”, aponta Angélica.

Público-alvo. Seguros são complexos, mas nem por isso a linguagem deve ser. Falar bem não é falar difícil. O Consumidor não entende a terminologia e nem o funcionamento do Seguro. Quem pode ajudá-lo? Inicialmente é o Corretor de Seguros. É ele quem vai destrinchar esse mundo novo cheio de singularidades. Sinistro….

No momento em que vai adquirir um Seguro, o consumidor não sabe que é parte de uma mutualidade, que tem direitos e deveres perante essa mutualidade e, para piorar: não tem estímulo para ler as condições gerais dos contratos de Seguro. “Até porque se fosse fácil não começariam com um glossário”, diz a advogada. Para ela, o consumidor fica muito vulnerável no momento da contratação do Seguro e, nem sempre, os Corretores e os funcionários de seguradoras têm estado atentos para o dever de simplificar a informação para a compreensão do cliente.

Apesar disso, Angélica não acredita que o linguajar difícil influencia nas vendas. Afinal, o consumidor contrata o Seguro porque está preocupado em proteger seu patrimônio. Mas Angélica alerta: “Em Seguros em que existam cláusulas de difícil compreensão, como no Seguro de danos residenciais com cláusula de depreciação, isso pode provocar desestímulo para a contratação”, diz.

É consenso que a cultura do Seguro é pouco difundida porque o Brasil tem a histórica dificuldade de distribuição de renda. A sobrevivência é prioridade. O Seguro se desenvolve em sociedades economicamente mais fortes. “O problema da falta de cultura do Seguro passa pela má distribuição da renda, mas também tem relação com a falta de cultura de prevenção de riscos que é uma característica bem latina, e em especial brasileira”, acrescenta a advogada.

E como melhorar a comunicação do Seguro? Ter domínio de um conhecimento técnico não significa ser arrogante. Que tal tentar explicar com calma e clareza o significado dos termos técnicos, inclusive a origem histórica de termos como prêmio e sinistro com simplicidade? “É preciso ser simples sem perder o conteúdo”, finaliza a advogada.

Fonte: CQCS