Vendas caem, mas Susep aposta em recuperação.

Tom otimista de Roberto Westenberg não o impede de reconhecer distorções ocorridas em canais alternativos de distribuição, a exemplo de venda casada em redes varejistas
O titular da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Roberto Westenberger, admite que o mercado segurador brasileiro apresentou uma “ligeira desaceleração” nos últimos meses de 2013 e início do atual exercício, acompanhando o fraco desempenho da economia no período. Ele acredita, no entanto, que esse comportamento das vendas é passageiro e que a atividade de seguros retomará logo o processo de crescimento acima da média dos demais segmentos econômicos do País. “Não é ufanismo ou algo assim. A recuperação virá em curto prazo porque haverá muita demanda nos próximos meses”, disse ao participar, quarta-feira, da reunião-almoço do Clube dos Corretores de Seguros do Rio de Janeiro (CCS-RJ). Na sua avaliação, o mercado reúne condições para crescer acima do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014, como vem ocorrendo nos últimos anos. Embora otimista com o potencial do mercado, Roberto Westenberger vê com preocupação a rápida proliferação de canais alternativos de comercialização de seguros. No caso das redes de varejo, por exemplo, ele apontou como problema o estabelecimento de metas para o vendedor cumprir, o que pode criar distorções. “O ‘instinto de pitbull’ do vendedor deve ser contido para que possamos coibir eventuais abusos, como as vendas casadas e a imposição de produtos e serviços que não atendem às reais necessidades do consumidor”, alertou.
Roberto Westenberger disse que, além da comercialização de produtos desnecessários, como planos de previdência complementar para “velhinhos” ou seguro de vida para adolescentes, há casos mais graves, como a “venda clandestina” do seguro de garantia estendida.
Para ele, tais “práticas inadequadas de comercialização” podem ser evitadas se o mercado investir na capacitação do vendedor, até para que o consumidor possa ter acesso a informações claras sobre o que está adquirindo e não corra o risco de contratar algo que não precisa ou não conhece. “A venda de seguros requer preparo. É um processo educativo”, destacou, como abordado na 4ª Conferência de Proteção do Consumidor de Seguros, organizada pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) em São Paulo.
Venda online Sobre a comercialização de apólices por meio remoto, Westenberger ressaltou a importância de se ter parâmetros de segurança, transparência total nas operações e o direito de arrependimento do cliente, por um período de sete dias. Ele lembrou que já há um universo de mais de 51 milhões de consumidores online no Brasil, o que requer cuidado maior nesse canal de vendas.
O superintendente da Susep também admitiu que processos burocráticos estão emperrando e atrasando o “timing de lançamento de produtos” no mercado e adiantou que uma de suas prioridades é corrigir esse problema. Outro problema, segundo ele, é o fato da Susep não marcar presença no cenário internacional. Já que não “circula” no mercado externo, na avaliação dele, o órgão regulador deixa de ser beneficiado por linhas de financiamento e a troca de informações sobre novos processos. “A Susep não é jabuticaba para nascer e florescer apenas no Brasil”, ironizou.
Roberto Westenberger pretende alterar essa postura e vê como um passo nesse sentido a realização no Rio de Janeiro, em 2016, da próxima edição do encontro da associação que reúne os supervisores de seguros da América Latina (Assai).
Fonte: Jornal do Commercio – RJ