Mais gestores criam fundos de previdência

A percepção crescente de que será preciso sofisticar as estratégias em previdência tem atraído novos agentes para esse mercado. Cada vez mais gestores independentes das redes de varejo, acostumados a um manejo ativo dos papéis, criam produtos nesse segmento. Para isso, eles precisam lidar com um desafio. A regulamentação impede que repliquem várias das estratégias dos fundos que já têm em prateleira, com restrições para aplicações no exterior e posições vendidas em ações, por exemplo. Não é pretexto, entretanto, defendem os gestores, para entregar retornos ruins. A gestora Brasil Plural lançou neste mês seu primeiro fundo de previdência. A carteira vai replicar a estratégia do fundo institucional, criado em 2010 e que, este ano, até julho, rendeu 6,49%. A ideia é passear entre juros, bolsa e câmbio de acordo com as oportunidades do momento. Agora, por exemplo, a estratégia está mais focada em juros e câmbio. Para Bruno Carvalho, sócio do Brasil Plural, em um mercado que em geral não olha as estratégias de forma integrada e é muito passivo, é importante ter este diferencial. Entre os fundos balanceados hoje em mercado, considera Carvalho, a renda fixa ainda é muito ligada ao Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI) e a renda variável, apegada a índices como o Ibovespa. “É o pior de um mundo com o pior do outro, sendo que os dois mandatos em geral não têm interligação”, afirma o sócio do Brasil Plural. Aplicar a gestão ativa no universo da previdência exige adaptações. Um multimercado tradicional, por exemplo, pode aplicar até 20% do patrimônio no exterior. No universo da aposentadoria, isso não é permitido. Uma das saídas encontradas pela gestora do Brasil Plural é operar o mercado externo via ativos negociados na BM&FBovespa. É o caso do contrato futuro de S&P e de algumas moedas, como os dólares americano, canadense e australiano. “Todo gestor hoje está buscando um alinhamento maior da estrutura regulamentar de previdência para ter capacidade de gerar mais valor”, diz Carvalho, ressalvando que, enquanto as mudanças não vêm, é possível se adaptar para gerar retorno. (Valor Econômico)